Após ver os seis episódios de “Reality Z” disponibilizados à imprensa —dos dez totais que estreiam nesta quarta (10)— a impressão que se tem é que mesmo um filme de uns 90 minutos com essa história já teria sido enfadonho.
A nova produção brasileira da Netflix mistura um erotismo juvenil de filmes de terror dos anos 1980 com o que parece ser uma crítica ou sátira de reality shows em um seriado de zumbis cheio de sangue e gritos.
Zumbis começam a tomar conta do Rio de Janeiro enquanto pessoas estão confinadas como parte do reality fictício “Olimpo”, apresentado por Sabrina Sato, que vive Divina, e com personagens que levam apelidos de deuses gregos —as eliminações são chamadas de sacrifícios e a voz de comandos para os trancafiados se autodenomina Zeus.
Muito rapidamente os comedores de gente chegam aos estúdios de televisão, à equipe de produção do reality e até mesmo à casa dos confinados. Sem saber disso, porém, a criadora da atração, demitida pela emissora, resolve ir se proteger do apocalipse zumbi na casa que criou para seu reality.
E aí vão se misturando na luta pela sobrevivência um diretor de televisão grosseiro e inescrupuloso, a produtora boazinha, a gostosona, o herói e o tonto do reality, policiais e um deputado corruptos.
Ataques de zumbis sanguinários ganham trilha musical de canções leves e alegrinhas criando um descompasso com o qual já estamos acostumados de filmes indie.
É possível dar alguns sorrisos amarelos quando se assiste a “Reality Z” em meio ao distanciamento social pelo qual estamos passando. Há frases como “não viu que não é para sair de casa?”, quando um dos personagens culpa o outro por ser obrigado a enfrentar alguns zumbis.
Embora atinja, em alguns momentos, pequenos sustos e breves momentos de tensão, sobretudo com o comportamento burro dos personagens —um clássico dos filmes de terror B—, o resultado é uma chatice de interpretações forçadas e diálogos pobres regada a muito sangue, cabeças explodindo e órgãos sendo arrancados.
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