Pintor renascentista Rafael morreu por causa de erro médico, dizem historiadores

Estudo de universidade italiana indica que método de sangria usado para tratar o artista não era compatível com a sua doença

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Milão (Itália)

Um erro médico pode ter contribuído para a morte do mestre renascentista Rafael, afirma um estudo conduzido por historiadores da Universidade de Milão-Biccoca, na Itália, informou o jornal britânico The Guardian nesta sexta (17).

O pintor Raffaello Sanzio morreu precocemente, aos 37 anos, oito dias depois de contrair uma febre, há exatos 500 anos. A efeméride motivou exposições comemorativas em museus por toda a Itália este ano, algumas delas prejudicadas pela pandemia do novo coronavírus.

Autorretrato atribuído a Rafael, datado do começo do século 16
Autorretrato atribuído a Rafael, datado do começo do século 16 - Reprodução

Até então, especialistas aventavam que a causa da morte do artista poderia ter sido malária, tifóide ou sífilis. A pesquisa milanesa afirma, no entanto, que Rafael não teve uma doença relacionada ao intestino, o que excluiu as três possibilidades.

Ao contrário, afirmou ao The Guardian um dos autores do estudo, o pesquisador de história da medicina na Universidade de Milão-Biccoca Michele Augusto Riva, é provável que o pintor estivesse sofrendo de pneumonia. Nesse sentido, a utilização da técnica da sangria, em que o paciente tinha o sangue drenado, serviu apenas para enfraquecer Rafael.

Riva diz que o método possivelmente foi usada incorretamente porque Rafael não explicou os sintomas aos médicos. As moléstias pulmonares não eram tratadas com sangrias.

O estudo, veiculado esta semana na revista da Sociedade Italiana de Clínica Médica (Simi), afirma que "as descrições falhas da época só descrevem uma febre como causa da morte", enquanto os rumores em torno do fato de que Rafael levava uma vida sexual ativa demais "levaram à construção do mito de que ele sofria de sífilis e que a principal causa da morte foi uma doença sexualmente transmissível".

Para elaborar a análise, os historiadores compararam depoimentos da época, que indicaram que a doença de Rafael demorou de uma a duas semanas para se manifestar, às descrições das últimas semanas de vida do pintor presentes no seminal livro "Vidas dos Artistas", de Giorgio Vasari.

Nele, Vasari, também artista, conta que Rafael teve uma "febre violenta" depois de uma noite de sexo, mas não contou aos médicos. Estes, acreditando que ele tinha superaquecido a si mesmo, "imprudentemente o sangraram".

"Essas fontes providenciam informação adicional sobre a doença que matou Rafael: um mal agudo, caracterizado por uma febre alta contínua", escreveram os autores. "Na verdade, a doença não resultou imediatamente em morte, e sim durou entre uma e duas semanas; além disso, não foi severa o suficiente para impedi-lo de organizar suas pendências, entre elas a estruturação de um testamento."

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