Charlize Theron tem se transformado, nos últimos anos, na atriz de ação por excelência. É uma espécie de versão feminina dos fortões dos anos 1980, como Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger, ou dos anos 1990, como Bruce Willis.
A boa notícia é que, aos 44 anos, Theron sabe escolher muito bem seus projetos no gênero. Em “Mad Max: Estrada da Fúria”, de 2015, roubou o protagonismo de Tom Hardy, o Max, como a implacável Furiosa.
Já “Atômica”, de 2017, é um espanto. Roteiro bacana, lutas incríveis, espionagem fina, música marcante, figurino inesquecível. Deixou os masculinos James Bond e “Missão Impossível” no chinelo. “Atômica 2” já foi anunciado, outra boa notícia.
Nesta sexta, a atriz volta num filme de ação muito bom, na Netflix, “The Old Guard”. É a terceira boa notícia, já que a última grande aposta de ação da plataforma de streaming, “Resgate”, lançada em maio, com Chris, o “Poderoso Thor”, Hemsworth, foi ordinário demais.
Mas eles não lutam entre si, como no filme dos anos 1980, e sim formam uma equipe que busca fazer boas ações pelo mundo, como salvar reféns ou impedir atentados. Theron é a chefe da turma, uma guerreira tão antiga que mal se lembra quantos anos tem.
As cenas de luta são ótimas, incluindo aquele charme dos machados e espadas das antigas, e, em alguns momentos, impressionam pelo sadismo, excesso de sangue e criatividade dos assassinatos.
Um casal gay de guerreiros é o responsável por algumas das melhores cenas do filme, com seus diálogos apaixonados e divertidos.
Com seu segredo descoberto por um espião, eles se tornam alvo de uma grande empresa farmacêutica, que pretende usar os guerreiros como cobaias para descobrir as causas genéticas da imortalidade e replicar o traço em remédios.
O filme não é à prova de furos, entretanto. O roteiro, baseado na série de quadrinhos de Greg Rucka e Leandro Fernandez, tem uma série de incongruências. Mas, sendo um filme de ação sem maiores pretensões, o conjunto funciona. A direção é de Gina Prince-Bythewood. Mulher e negra, ela vem de um cinema um pouco mais dramático, mas não decepciona nessa visita à ação.
Vale lembrar que Charlize Theron, que também produz a maioria dos filmes em que atua, é uma atriz com bagagem. Tem uma série de filmes corajosos no currículo e ganhou o Oscar de melhor atriz por “Monster: Desejo Assassino”, de 2003, quando engordou 15 quilos e pôs silicone no rosto para viver uma serial killer.
Há dois anos, ela engordou 22 quilos para fazer “Tully” e se preocupou se conseguiria emagrecer novamente, quando estava com mais de 40 anos. Pois ela conseguiu, como se pode constatar em “The Old Guard”.
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