Em décadas de trabalho, Anna Bella Geiger fez de sua obra um retrato de um Brasil cindido, mergulhado em contradições que afloram em sua visão muitas vezes marcada pelo humor cáustico.
Sua antropologia do presente, um diário visual que muitas vezes escancara com gestos sintéticos os absurdos de um país desigual, aqui se volta para a imagem de um globo terrestre distorcido em duas dimensões, talvez um eco das pulsões terraplanistas da atualidade. Não é um mundo qualquer. Aqui estamos soltos e à deriva.
"Nesta obra, recorri a uma imagética alegórica, no sentido de um pensamento crítico sob uma forma figurada combinando aspectos políticos e sociais, entre outros. Então, a partir de uma projeção cartográfica azimutal do globo terrestre, cheguei a uma representação da tormenta que estamos vivendo neste momento", diz a artista plástica que integra a série do jornal de obras de arte em defesa da democracia.
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