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'Enola Holmes' tem guinadas inesperadas e se adequa à atualidade

Com Millie Bobby Brown, filme mostra irmã de Sherlock Holmes adepta ao conceito de direitos iguais

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São Paulo

Enola Holmes

De todas as tentativas de modernizar o eterno personagem de Sherlock Holmes, criação do escritor escocês Arthur Conan Doyle, talvez chegue agora ao streaming uma das mais ousadas.

Baseada na série de livros da americana Nancy Springer, o filme da Netflix tem o nome da personagem principal, "Enola Holmes", irmã mais nova do famoso detetive, que tem, como ele, instintos aguçadíssimos.

A atriz inglesa Millie Bobby Brown, a Eleven, de "Stranger Things", interpreta a esperta protagonista. A trama se adequa perfeitamente à tela, e dá sinais de que pode ser o pontapé inicial de uma nova franquia para o canal de streaming.

Dirigido por Harry Bradbeer (vencedor de dois prêmios Emmy por "Fleabag"), "Enola Holmes" começa atirando montes de informações ao telespectador, em ritmo acelerado. Aprende-se que ela é a caçula da família Holmes, seu pai morreu há muito tempo e os dois irmãos muito mais velhos não a conhecem direito.

A menina passou a vida ao lado da mãe (Helena Bonham Carter), que idolatra. A progenitora é obcecada por jogos de palavras e passou essa paixão para a filha. Foi também a inventora do nome da garota, Enola, que é "alone" (sozinha em inglês) ao contrário.


O roteiro é cheio de reviravoltas, guinadas inesperadas e alguns sustos. Apesar de ser feito com o público jovem como alvo, o longa (e bota longa nisso, tem mais de duas horas) é atraente para qualquer espectador. É também adequado para os tempos atuais.

Enola conta que passou a infância fazendo "coisas diferentes" com sua mãe, como ler todos os livros da vasta biblioteca da família ou praticar esportes violentos ao redor da casa em que moravam. A jovem senhorita Holmes é adepta do conceito de direitos iguais e gosta de fazer tudo do seu jeito. Mãe e filha viveram felizes por anos, isoladas do mundo e isentas de pressões sociais, mas tudo isso muda de repente: no aniversário de 16 anos de Enola, a mãe desaparece.

Quando sabem do sumiço, seus irmãos voltam à casa da família, Henry Cavill (o Superman de "O Homem de Aço", 2013) na pele de um cordial Sherlock Holmes e Sam Claflin (de "Jogos Vorazes") como o tenso Mycroft. Os dois têm a intenção de mandar Enola para um colégio interno a fim de que ela se torne uma futura esposa ideal. Mas, convencida que sua mãe deixou pistas sobre o seu paradeiro, ela zarpa para o que será sua primeira missão como detetive.

A jornada temerária de Enola a leva de Londres ao interior da Inglaterra, com várias trocas inusitadas de figurinos no trajeto (ela se diverte disfarçando-se como outras pessoas) e muita ação. As artes marciais que praticava com a mãe se provam úteis em várias situações.

Em um momento, um encontro com um jovem lorde (Louis Partridge) introduz outro mistério para a menina desvendar, complicando ainda mais o seu percurso.

Seus irmãos estão no seu encalço enquanto Enola tenta seguir seu itinerário. Alusões a um enigma ainda mais cabeludo despontam, e a fazem perceber que muitas pessoas não querem mudanças no mundo. Não é por acaso que tudo isso é desvendado por uma garota, "Enola Holmes" não usa sua heroína apenas para fazer um aceno à evolução dos costumes, esse é um enredo totalmente feminista.

Apesar de algumas passagens um pouco descuidadas no meio da obra, "Enola Holmes" e sua cativante heroína entregam uma conclusão surpreendente, que abre caminho para futuras aventuras. Na viagem, exibe a personagem e seu mundo em transformação na forma de entretenimento agradável e instrutivo, uma espiada em pessoas e lugares prestes a se tornarem mais evoluídos.

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