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Filme entrelaça danças e desperta a vontade de sair bailando pela rua

Documentário em cartaz no In-Edit traduz a ideia de ritmo para os fluxos migratórios e o descobrimento de culturas

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Na Dança! Doc

  • Quando Em cartaz até dom. (20), às 23h59
  • Onde no site br.in-edit.org
  • Preço Grátis
  • Produção Brasil, 2019

Festa. No suor da aglomeração, pessoas sacolejam braços e quadris. Pés descalços repercutem no chão a batida das mãos nos tambores.

Dá até um pouco de aflição assistir ao documentário sobre o festival Na Dança! neste período de semiconfinamento. Mas dá também uma alegria quase física, um alívio.

“Estava doente. Começamos a tocar, eu me vi dançando. Foi um retorno para a vida, para um cotidiano que tinha perdido”, diz Vitor da Trindade, músico e ativista da cultura afro-brasileira, na abertura do longa de Roberto Gervitz. O filme faz parte da programação do festival In-Edit Brasil, neste ano 100% online.

mulher dançando de tule em sala de ensaio
Cena do documentário "Na Dança! Doc", de Roberto Gervitz - Reprodução

“Na Dança! Doc” é um longa sobre a segunda edição do festival de músicas e danças do mundo, realizada em 2018. Este seria um resumo simplista para um filme que traduz a ideia de ritmo e movimento além da dança para os deslocamentos na cidade, os fluxos migratórios, os descobrimentos de outras culturas e redescobrimentos do Brasil.

É uma tradução também da proposta da idealizadora do festival, Betty Gervitz, irmã do diretor. Dançarina, fisioterapeuta e pesquisadora, ela conta como chegou aos artistas estabelecidos em São Paulo nos fluxos mais recentes.

Junto a brasileiros que desenvolvem trabalhos com danças e músicas do mundo, os artistas imigrantes conduzem o festival e o documentário para além do salão de baile.

Nessa viagem, o filme mostra o bailarino senegalês Ibrahima Sarr lavando o banheiro da casa que divide com conterrâneos também imigrados para São Paulo. Entra no apartamento onde o angolano Ermi Panzo escreve ou reúne amigos para tocar e cantar. Mostra fotos do egípcio Hamada Nayel com seu filho em uma praia no litoral fluminense.

As cenas são intercaladas com imagens de arquivo —feira de peixe no Senegal, guerrilheiros angolanos, bombardeios no Líbano, uma praça histórica em Bogotá, Primavera Árabe, campos e desertos no Egito. Acompanham, intercaladas também pelas apresentações no festival, as ótimas entrevistas com os artistas.

Em suas casas ou no cenário de chitas e mandalas salpicadas de glitter criado por Carlos Moreno e Mira Haar para o evento no palacete paulistano, a mistura dos depoimentos dos artistas imigrantes dá samba, afoxé, dabak, bantu.

Eles se juntam aos ritmos de outras culturas, de imigrações mais antigas como as da Espanha e do Japão, também representadas no festival. “No pé e no tambor, o Japão se encontra com a África. E como esses africanos são parecidos com a gente”, diz Vitor da Trindade, ele mesmo afrodescendente.

“Na Dança! Doc”, além de dar uma baita vontade de sair dançando por aí, mostra por meio de sons e movimentos essa mistura, chamada diversidade, mas com uma definição mais instigante dada por Gabriel Levy, diretor musical do festival, em certo momento do documentário. “Promiscuidade, porque ‘pro-míscuo’ significa a favor da mistura. Então viva a promiscuidade!”

Principalmente quando acompanhada de música boa e dançada com todos juntos.

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