Museu virtual reúne culturas de todo o mundo que fala português

Plataforma da Universidade do Minho ganha apoio do Google para firmar idioma como língua do conhecimento

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São Paulo

Enquanto os brasileiros esperam a reabertura total do Museu da Língua Portuguesa, que pegou fogo em 2015, o Google acaba de lançar uma iniciativa que pode aplacar a saudade dos amantes do idioma —oferecendo alcance mundial, aliás, à valorização do português.

O Museu Virtual da Lusofonia passou a ser veiculado nesta sexta-feira pela plataforma Arts and Culture, ampliando pesquisas e exposições sobre uma gama de países lusófonos.

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Logomarca do Museu Virtual da Lusofonia, coordenado pela Universidade do Minho e disponível no Google Arts and Culture - Divulgação

O projeto é coordenado pelo professor Moisés de Lemos Martins, diretor do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, em Portugal. O acadêmico ressalta que um dos grandes objetivos do projeto, que já existia e agora é ampliado pelo gigante da tecnologia, é "afirmar o português como uma língua de ciência e pensamento".

"Não está bem termos necessariamente que escrever em inglês para termos o trabalho reconhecido", afirma o professor. "O português tem condições para ser uma grande língua do conhecimento, se estivermos todos juntos."

E com isso ele quer destacar a importância de estabelecer uma comunidade entre os moradores de países e regiões lusófonas. Na nova plataforma, é possível navegar por escritores moçambicanos, ritmos portugueses ou paisagens angolanas em 45 exposições.

Do Brasil, é possível fazer visitas virtuais à cidade mineira de Tiradentes, conhecer a arte de rua de várias capitais e estudar a arte do cineasta Glauber Rocha, um dos pais do nosso cinema novo.

E é importante destacar a palavra "nosso", porque a mostra explora as intersecções do movimento cinematográfico brasileiro com o de mesmo nome que foi capitaneado por diretores portugueses. Essa relação de mútua influência entre países que falam a mesma língua interessa especialmente à curadoria do museu.

Mas é um acervo em constante expansão —como afirma Lemos Martins, a plataforma online não só permite como incentiva a colaboração dos visitantes, para ampliar o olhar sobre seus países.

"Somos resultado do nosso encontro com o outro", aponta o diretor. "A leitura é sempre de acordo com o contexto em que se está, pode ressignificar o material do museu", ele diz, em referência por exemplo à visão distinta de povos colonizadores e colonizados.

Essa multiplicidade de pontos de vista é um ponto caro ao professor. Quando a entrevista por Zoom estava perto do fim e outra participante do projeto explicava que a equipe de coordenação ficava na Universidade do Minho, Lemos Martins apareceu de novo em frente à câmera para frisar que "o museu foi criado aqui, mas a centralidade dele não é portuguesa".

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