Descrição de chapéu
Cinema

Novo 'Boys in the Band' mostra que peça segue atual em drama 100% gay

Remake produzido por Ryan Murphy para a Netflix se passa numa festa na década de 1960

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

The Boys In The Band

  • Quando Disponível
  • Onde Netflix
  • Elenco Jim Parsons, Zachary Quinto, Matt Bomer, Andrew Rannells, Charlie Carver, Robin de Jesús, Brian Hutchison, Michael Benjamin Washington e Tuc Watkins
  • Direção Joe Mantello
  • Classificação 16 anos

Muitas histórias mais antigas perdem a potência com o tempo, mas a sina peculiar de "The Boys in the Band", adaptação de uma peça que foi um hit em 1968 e que foi montada no Brasil em 1970 com o nome "Os Rapazes da Banda", é ser ainda audaciosa e agradável nos dias de hoje.

A trama se passa durante uma noite em Nova York na qual um grupo de homens gays se reúne para comemorar o aniversário de um deles. A peça já foi transformada em longa-metragem antes, em 1970, e seu título vem de uma fala de outro filme, "Nasce uma Estrela", versão de 1954, no qual o personagem de James Mason fala para Judy Garland –"você está cantando para você mesma e para os meninos da banda".

A obra atual é dirigida pelo ator convertido em cineasta Joe Mantello e produzida para a Netflix por Ryan Murphy, responsável por sucessos como "Hollywood", "American Horror Story" e a recém lançada "Ratched".

O elenco tem Jim Parsons, de "The Big Bang Theory", no papel de Michael, um católico que continua no armário e está preocupado com sua situação financeira e seu volume de cabelo, que não para de diminuir. É na casa dele que acontece a festa. Um ex-namorado chamado Donald, interpretado por Matt Bomer, aparece para ajudar nas preparações do aniversário.

O homenageado é Harold, um homossexual totalmente fora do armário numa performance impressionante de Zachary Quinto, de "Star Trek". Entre os outros convidados estão Hank, feito por Tuc Watkins, um ex-hétero que está deixando sua mulher e seus filhos para ficar com Larry, papel de Andrew Rannells, que não para de ficar com outros homens. O mais animado de todos é Emory, papel de Robin de Jésus, e o mais tímido é um estudante negro chamado Bernard, interpretado por Michael Benjamin Washington.

Já no começo da noite fica claro que aquela turma não é muito relaxada, há uma ansiedade no ar. Eles não parecem ser amigos íntimos, há sempre um estresse acontecendo, os mais quentes entre Michael e Harold, que em teoria deviam ser os mais próximos.

Mas a noite ainda vai piorar. Um antigo amigo de faculdade de Michael telefona pedindo ajuda, prestes a ter um chilique. O ator Brian Hutchinson faz o papel de Alan, um heterossexual supostamente bem casado, que aparece de repente sem ter sido convidado e fica assustado com o comportamento dos convidados, não tinha ideia do tipo de festa que Michael estava preparando. Mas questões ainda mais complexas vão surgir.

O visual e a atmosfera desse longa é diferente da série "Mad Men", por exemplo, que também se passa nos anos 1960, e na qual Salvatore, um designer gay no armário abandona sua mulher e desaparece no Central Park. Os temas aqui não foram empacotados e repaginados com a ironia do seriado. Esse drama vem direto de 1968, o que faz do filme algo datado, mas ainda impactante, pois ainda é pouco comum, em 2020, ver uma obra, seja de teatro ou de cinema, em que todos os personagens são gays.

O auge da noite acontece quando Michael, bêbado e exaltado, convoca todos os presentes para um jogo bizarro e sádico. Cada um deve telefonar para a pessoa do passado por quem se apaixonaram pela primeira vez e falar que o amaram. Parece a premissa para longos monólogos melodramáticos e muitos flashbacks, e eles acontecem mesmo, mas é tudo tão bem escrito e encenado que não aborrecem o telespectador.

"The Boys in the Band" parece saído de um período mais inocente, ou pelo menos mais ingênuo, quando a questão principal era a homofobia generalizada, e a aceitação dos gays era um costume que estava mudando bem lentamente.

A Aids ainda não tinha aparecido, e os eventos inspirados por Stonewall não tinham dado nem seus primeiros passos. Esse é um filme que se revela em diálogos. São as ideias dos personagens que levam a trama adiante. É uma boa surpresa perceber a potência que esse longa ainda tem nos nossos tempos, e um dos pontos mais altos é a performance cheia de dor e conflitos internos que Jim Parsons apresenta. É uma estranha dose de infelicidade que devia estar presente em muitos gays da época.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.