ArtRio tem beijos e abraços entre galeristas na retomada do mercado de arte ao vivo

Após meses com galerias fechadas pela pandemia, feira reúne 50 galerias presencialmente e mantém plataformas digitais

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Rio de Janeiro

Não é recomendado, mas houve beijos e abraços, sim. Os galeristas e colecionadores que, enfim, se juntaram na Marina da Glória para mais uma edição da feira ArtRio viveram na tarde desta quarta o primeiro evento presencial depois de meses com o mercado de arte paralisado.

Na contramão de todo o circuito —quase todas as feiras do ano, entre elas a paulistana SP-Arte, a Art Basel de Basileia e Hong Kong, a Frieze, de Nova York e Londres, e a Fiac, de Paris, ficaram só online—, esta 10ª edição no Rio de Janeiro decidiu reunir ao vivo 50 galerias –28 a menos do que atraiu ano passado. A pandemia também limitou a lotação máxima do evento a 450 visitantes, cerca de metade do que costuma receber.

A feira, que vai até domingo, mistura o formato presencial com o digital. A ArtRio trabalha desde 2018 com as vendas online, mas neste ano foi adotado um olhar especial para a edição virtual, com uma plataforma com detalhes sobre as obras e os artistas, além de um chat para conversa direta com os galeristas e canais para comunicação por vídeo.

A presidente da ArtRio, Brenda Valansi, conta que em julho enviou um questionário aos galeristas, perguntando se a feira deveria ser realizada presencialmente neste ano. A maioria foi favorável. "A gente lida com a arte, o objeto, e estava, sim, faltando a materialidade, a experiência."

Galeristas afirmaram que houve um momento de instabilidade no início da pandemia, quando não se sabia como o mercado iria reagir. Disseram, ainda assim, que a maioria conseguiu se adaptar.

Segundo Valansi, a crise atingiu mais fortemente as galerias mais novas e menores, que ainda não têm uma base sólida de clientes. "Mas também mostrou a força do mercado. Não se imaginou que se venderia tanto online."

Poucas horas após o início da feira, 95% das obras na galeria Portas Vilaseca, voltada a uma nova geração de artistas brasileiros contemporâneos, já estavam vendidas. Duas foram doadas para o Museu de Arte do Rio, o MAR, pela artista plástica Adriana Varejão e pelo colecionador Beto Silva.

"No início [da pandemia] tive medo, fiquei um pouco preocupado. Mas os colecionadores nos contataram, então não sentimos tanto", diz Jaime Vilaseca, dono da galeria.

A galeria Continua, da Itália, abriu uma filial em São Paulo no início do ano. Seu espaço no estádio do Pacaembu chegou a ser cedido para o hospital de campanha construído ali pela prefeitura paulistana.
O sócio e diretor Akio Aoki afirma que o faturamento com as vendas foi menor do que a expectativa, mas o suficiente para cobrir a operação.

Victor Perlingeiro, gerente da Pinakotheke, avalia que o caráter presencial e virtual das galerias, desenvolvido na pandemia, será mantido.

Ele afirma que a participação na feira dá esperança não só de vender, mas de se aproximar de seus colecionadores.

Na galeria Paulo Kuczynski, chama a atenção uma obra de Dan Flavin, artista minimalista americano que trabalha com lâmpadas fluorescentes e que nunca teve exposições no Brasil. O gerente Alexandre Silva afirma que a feira dá fôlego para o mercado.

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