Mais importante prêmio literário francês, o Goncourt foi concedido nesta segunda (30) ao ecritor Hervé Le Tellier pelo romance "L'Anomalie", ou a anomalia, em português, ainda sem edição no Brasil.

Oitavo romance do autor de 63 anos, o livro conta as consequências de um fato estranho –um voo de Paris para Nova York ocorre duas vezes, com os mesmos passageiros a bordo, numa diferença de poucos meses.

Um pistoleiro, uma estrela pop nigeriana e um escritor aterrisam em Nova York e descobrem que seu voo —e outras versões de si mesmos— já haviam chegado três meses antes.

A narrativa passeia por vários gêneros, como romance policial e conto.

Matemático de formação e ex-jornalista, o autor ganhou de oito votos a dois contra "L'Historiographe du Royaume", ou a historiografia do reino, de Maël Renouard.

“Você nunca espera receber um prêmio como o Goncourt. Em primeiro lugar, você não escreve para o receber e, em segundo lugar, você nem se imagina ganhando”, disse ele em uma videoconferência, acompanhado de seu editor, Antoine Gallimard.

A entrega do prêmio foi virtual, devido à pandemia, e o júri do Goncourt, formado por dez pessoas, foi forçado a renunciar ao tradicional almoço de premiação no restaurante Drouant, no centro de Paris.

Segundo o autor, a narrativa pode ser lida como uma parábola para a vida pós-Donald Trump. “A ideia é que, como Trump está lá e é a causa da destruição do mundo, o livro busca propor outra versão do mundo, na qual Biden é presidente."

O presidente do júri, Didier Decoin, disse que o romance tem uma "dimensão cinematográfica real" e que espera que ele seja adaptado para o cinema.

O prêmio monetário é de apenas € 10, ou cerca de R$ 64, mas o vencedor é imediatamente catapultado para as listas de mais vendidos.