Morre aos 90 anos Aldo Tambellini, artista radical obcecado com a cor preta

Militante antirracista ficou famoso a partir dos anos 1960 por experimentações em vídeo e fotografia

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São Paulo

Artista radical que realizou diversos trabalhos sobre o preto, Aldo Tambellini morreu nesta quinta (12) nos Estados Unidos, aos 90 anos.

Segundo sua mulher, Anna Salamone, a morte foi em decorrência de complicações após uma cirurgia no hospital Spaulding, em Cambridge, no estado de Massachussetts.

O artista estava internado desde o início de outubro, segundo Adriano Casanova, da galeria paulistana Casanova, que atualmente exibe uma mostra online de Tambellini, a última exposição a abrir enquanto ele ainda estava vivo.

O artista ítalo-americano ficou famoso a partir da década de 1960 por suas experimentações em vídeo e fotografia. Naqueles anos, Tambellini começou a intervir sobre o filme fotográfico, riscando e pintando o negativo, além de mergulhar o material em ácido.

Trabalho em vídeo de Aldo Tambellini, com o próprio artista representado na imagem - Aldo Tambellini Foundation / galeria Casa Nova

Ele também realizou uma série na qual punha negativos virgens em frente à televisão e ligava e desligava o monitor rapidamente, de forma a obter a queima do filme, gerando fotografias feitas sem câmera.

Um tema recorrente em seu trabalho é o preto. “O preto é, na verdade, o começo de tudo”, escreveu. Viria a usar o conceito de maneira ampla, em referência ao movimento black power, que apoiava, à matéria negra da física, ao preto do negativo fotográfico e ao negro do desconhecido da exploração espacial.

Essa obsessão se materializou numa leva de filmes curtos, alguns abstratos e frenéticos e outros mais concretos —nestes, retratou a vida de comunidades negras dos Estados Unidos e a Segunda Guerra.

Poeta, performer e ativista antirracismo, Tambellini nasceu em Siracusa, no estado de Nova York, em 1930, sendo levado com a família para a Itália quando era bebê.

Precoce, foi matriculado numa escola de arte aos dez anos. Aos 13, sobreviveu aos bombardeios da Segunda Guerra que destruíram o bairro onde morava e mataram mais de 20 vizinhos.

Depois do episódio, voltou para os Estados Unidos, onde estudou pintura e escultura antes de enveredar pela pesquisa com arte multimídia e performance.​

Tambellini passou por um resgate na última década, ganhando exposições no MoMA, em Nova York, e uma sala na Tate, em Londres, além de ter sido escalado para a Bienal de Veneza de 2015.

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