Mostra com 200 desenhos destaca como Tarsila criou sua personalidade artística

'Tarsila: Estudos e Anotações' exibe os bastidores das produções artísticas da artista modernista

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Itu (SP)

Foi meio século de confinamento na casa de um empresário que colecionava arte. E, então, 200 desenhos de Tarsila do Amaral viriam a público numa mostra que abriria em março, no museu Fama, em Itu, no interior paulista, que os comprou da viúva do colecionador.

Três dias antes, no entanto, a instituição foi fechada em razão da pandemia, deixando a artista mais oito meses em isolamento. Neste sábado, com a reabertura do espaço, os trabalhos serão expostos.

“Tarsila: Estudos e Anotações” deve ser uma exposição de longo prazo, especialmente porque, para cumprir protocolos de saúde, a visitação terá de ser controlada, com agendamento no site da Fama.

São papéis de variados tipos e dimensões nos quais Tarsila fez, em nanquim, grafite e aquarela, estudos de obras como “A Negra”, de 1923. A exibição se dá em ordem cronológica, levando o público a seguir sua trajetória, tanto em relação a técnicas quando a ideias. A sensação é de um acesso aos bastidores de sua produção, de uma cumplicidade com a evolução de seu pensamento e de suas fases, como a antropofágica, de “Abaporu”, e a política, de “Operários”, entre os anos 1910 e 1940.

“Traz o processo de aprendizado da Tarsila, estudos que ela faz, por exemplo, de elementos indígenas, além de registros de suas viagens”, diz a curadora Regina Teixeira de Barros. “Há o desenvolvimento de figuras que encontramos em suas obras, como a cuca, o sapo, o tatu. É um material praticamente desconhecido, rico para novos estudos.”

A coleção havia sido exposta pela última vez em 1969, organizada pela crítica de arte Aracy Amaral, que catalogou os desenhos quando ainda estavam com a artista, em sua casa, em São Paulo. Depois de comprados pelo empresário Oscar Fakhoury, em 1970, permaneceram cinco décadas guardados, e mesmo Amaral não conseguiu mais acesso a eles para nova catalogação.

Ela se emocionou ao rever a coleção, quando foi comprada pelo artista plástico, empresário e colecionador Marcos Amaro, que a convidou para acompanhar o restauro e para ser curadora da exposição. “É uma oportunidade de ver o aprendizado e as digressões da Tarsila, como desenvolveu sua linguagem e personalidade como artista”, diz Amaral.

Marcos Amaro comprou em Itu uma fábrica desativada para montar o ateliê. Filho do comandante Rolim Amaro, da TAM, ele trabalha com pedaços de aviões em suas obras e precisava de espaço. Depois transformado no museu Fama, o espaço tem 25 mil metros quadrados nos quais antigos galpões convivem com arte contemporânea.

Além dos R$ 200 milhões investidos, Amaro quer construir um auditório com 800 lugares para um festival de música, uma biblioteca de arte e uma hospedaria. “Itu é conhecida pela história das coisas grandes, do orelhão. É interessante que esse turismo possa ser ampliado para mostrar
arte contemporânea”, afirma.

Tarsila: Estudos e Anotações Fama

  • Quando A partir do dia 14 de novembro. De qua. a dom., 11h às 17h
  • Onde r. Padre Bartolomeu Tadei, 9, Itu (SP)
  • Preço R$ 10
  • Tel. (11) 4022-4828
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