Van Gogh cortou sua orelha por surto de abstinência de álcool, revela pesquisa

Estudo afirma que pintor holandês provavelmente desenvolveu distúrbios psicóticos devido ao vício na droga

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São Paulo

Uma pesquisa inédita revela que pelo menos duas das crises de delírio psicótico do pintor holandês Vincent van Gogh foram provavelmente causadas por abstinência de álcool. O estudo, publicado nesta segunda-feira (2), foi realizado por pesquisadores da Universidade de Medicina de Groningen, na Holanda, sob encomenda do International Journal of Bipolar Disorders.

De acordo com as informações do artigo, a famosa automutilação de Van Gogh na orelha está relacionada a crises de transtornos de humor —provavelmente bipolar— e de personalidade, agravadas por uma abrupta interrupção de seu frequente uso de álcool.

"Depois [de cortar a própria orelha], ele provavelmente desenvolveu dois surtos de delírio que estão atrelados à abstinência de álcool, ao lado do agravamento de suas crises depressivas —das quais pelo menos uma foi psicótica—, que o levaram ao suicídio, aos 37 anos", afirma o estudo.

"Aqueles que consomem grandes quantidades de álcool e sofrem de desnutrição correm o risco de comprometerem a função cerebral", acrescenta o estudo. "Além disso, a interrupção abrupta do consumo excessivo de álcool pode levar a crises de abstinência, incluindo surtos [psicóticos]."

Após graves episódios de psicose, o pintor se internou no asilo Saint-Rémy na França, em 1889.

Homem olha retrato
Um homem olha um retrato do pintor holandês Vincent van Gogh's no Museum in Amsterdam, em 20 de janeiro de 2020 - Piroschka/Reuters

Foram analisadas 902 cartas escritas pelo pintor, das quais 820 eram destinadas a familiares de Van Gogh, sobretudo ao irmão Theo. Além disso, os pesquisadores entrevistaram três historiadores de arte especializados na vida e na carreira do artista.

A pesquisa ainda descarta a possibilidade de Van Gogh ter sofrido de esquizofrenia. "Isso parece improvável, Van Gogh nunca apresentou sintomas psicóticos antes da automutilação na orelha, aos 35 anos, nem nos intervalos entre seus surtos nos últimos 15 meses de sua vida."

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