Descrição de chapéu Flip

'A mudança climática é pior e mais trágica que a Covid-19', diz Safran Foer na Flip

Na terceira mesa do evento, escritor americano debateu a crise do meio ambiente com a poeta indígena Márcia Kambeba

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São Paulo

A primeira mesa do segundo dia da Flip, toda virtual neste ano, uniu os pensamentos e a pesquisa sobre as consequências do aquecimento global do escritor americano Jonathan Safran Foer com os saberes passados de geração a geração da poeta e geógrafa amazonense Márcia Kambeba.

Foer disse não entender como os indivíduos e os governos reagiram de maneira tão radical frente à pandemia do coronavírus, "algo que conhecemos muito menos e não é nem de perto tão dramática quanto a perda do planeta. A mudança climática é muito pior e mais trágica que a Covid-19".

Márcia Kambeba se emocionou quando emendou a fala do autor americano com um apelo pela proteção da floresta amazônica. "A Amazônia não pode ser defendida só pelos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, tem que ser defendida por todos nós. É hora de parar e refletir porque as coisas só tendem a piorar."

mulher de cabelo preto com algumas penas nos cabelos
A ativista indígena, geógrafa e escritora Márcia Kambeba, que participou de debate com Jonathan Safran Foer na Flip - Divulgação

A conversa aconteceu na tarde desta sexta (4) e tinha como tema "Florestas Vivas". Mediada pela jornalista Jennifer Ann Thomas, especializada em meio ambiente.

Safran Foer contou que grande parte de sua família mora no Brasil, e que já esteve na Flip uma vez antes, anos atrás, "quando meu filho aprendeu a engatinhar". Foer, 43, ficou conhecido pelos seus livros de ficção, "Tudo Se Ilumina" e "Extremamente Alto & Incrivelmente Perto" (Rocco). Ambos viraram longas-metragens. Recentemente, o escritor virou ativista pela preservação do meio ambiente.

Em 2009, Foer lançou sua primeira obra de não-ficção, "Comer Animais" (Rocco), em que discorria sobre as consequências éticas do consumo de carne industrializada. O livro que apresenta nesta Flip é "Nós Somos o Clima" (Rocco), em que expõe dados, estatísticas e projeções sobre a crise ambiental do nosso planeta, que não para de se agravar e é consequência direta das ações da humanidade. Segundo ele, porém, temos tempo de mudar nossos hábitos e evitar o pior.

Márcia Kambeba, que usava flores azuis nos cabelos, lançou seu primeiro livro de poesias em 2013, "Ay Kakuri Tama - Eu Moro Na Cidade" (Grafisa), e apresenta nesta Flip sua obra mais recente, "Saberes da Floresta" (Jandaíra), sobre a educação indígena.

A crise climática que dominou a mesa. "Temos que criar empatia com outras pessoas e outro tempo, o que não é fácil. Se Donald Trump falasse que as pessoas precisavam lavar as mãos senão o povo de Bangladesh morreria, ninguém lavaria as mãos. Nossa mente não é muito convincente para nos fazer ter empatia", disse o escritor americano.

"Temos que dar as mãos nessa luta", emendou Márcia Kambeba. "O planeta vai sobreviver sem nós, a questão é se ainda vão existir pessoas. Estamos falando sobre a destruição da humanidade, não temos nenhum outro jeito de viver, e estamos sendo punidos por nosso comportamento", afirmou Foer.​

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