Caetano faz aceno a Roberto Carlos e canta música inédita em live de Natal

Músico cantou 'Terra', 'Sampa' e apresentou 'Autoacalanto', dedicada ao neto Benjamin

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São Paulo

Sem Roberto, tivemos Caetano. Se em 2020 não houve o tradicional especial do Rei, ficou com o cantor baiano a responsabilidade de apresentar um show de Natal, em formato de live.

E, de fato, o baiano começou sua apresentação, pontualmente às 21h, entooando um aceno a Roberto na canção "Muito Romântico" —homenagem ao músico que tradicionalmente encerra o ano. Mais para o final da live, Caetano ainda lembrou outra colega que ficou associada ao período natalino: Simone.

"Vi uma foto dela outro dia na Ilustrada, na coluna da Mônica Bergamo, e ela estava linda", contou antes de encerrar a apresentação com "Gente". "Eu não podia deixar de me referir a Roberto Carlos. Nem a Simone."

A live, chamada “Vai ter Natal”, foi patrocinada pelo publicitário e colunista deste jornal Nizan Guanaes.

Ainda no começo de seu show, o músico emendou "Muito Romântico" com "Boas Festas", o clássico natalino em que se canta "eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel..."

A composição é de Assis Valente, que nasceu em Santo Amaro, na Bahia, assim como Caetano. "Essa música é para mim o que era o Natal na minha infância", explicou o músico, que contou que começou a odiar o período na adolescência, por achar tudo muito americanizado. "Natal pra mim era areia de praia, flores de pitanga, presépio."

Na reflexão, Veloso mencionou "A Condição Humana", da filósofa alemã Hannah Arendt, o historiador Jones Manoel, seu amigo, a desigualdade presente no Brasil e nos Estados Unidos —mas logo se conteve. "Aí vai começar a ficar uma live de Natal muito cabeçuda", disse.

Sozinho na maior parte do tempo, Caetano contou com a participação de seus três filhos —Zeca, Tom e Moreno— em três músicas, cada um em uma. "Eu hoje em dia eu só gosto de saber dos meus filhos, de falar com eles. Aquela temporada que teve [do show Ofertório], por mim não acabava nunca". Zeca foi o primeiro a se juntar ao pai, em "White Christmas", conhecida nas vozes de Bing Crosby e Frank Sinatra.

Em seguida, trouxe "Terra", querida pelo público, seguida de outro hit, "Sampa". Depois, dedicou "Muito" à pessoa homenageada pela letra, a atriz Regina Casé. A primeira ganhou novo fôlego após o lançamento do documentário "Narciso em Férias", em que o baiano rememora o tempo que passou preso na ditadura e que o inspirou a compor a canção.

Dedicatórias, aliás, não faltaram na performance. Ao menino Otto Lara Resende, ofereceu "Um Índio"; às muitas crianças que pediram, "Leãozinho"; a uma criança especial, que ele "esperava ainda estar acordada", Flor, neta de Gilberto Gil, destinou "Alguém Cantando"; e à irmã Maria Bethânia dedicou "Noite de Cristal", da qual, segundo contou, ela desconfiava que ele não se lembraria. Ele lembrou.

Houve, contudo, uma solicitação que chegou a ser divulgada nas redes sociais de Caetano, mas que não apareceu no show: "Podres Poderes", pedido do ex-ministro Ciro Gomes, do PDT.

Das canções ofertadas, o maior destaque foi a apresentação da inédita "Autoacalanto", escrita para seu neto Benjamin, de sete meses. "Já faz um tempo que ele canta para se ninar", ele explica sobre a canção.

Aquela foi a deixa para receber Tom, o pai de Benjamin, no palco. O caçula toca o violão em "Trem das Cores", que Caetano confessou não saber tocar muito bem. Pouco depois, chegou Moreno para embalar o prato em "Reconvexo". "Sabem por que tinha que ser o Moreno? Ele é o mais ligado ao Recôncavo", disse.

Conforme o tempo foi passando, o músico se perguntava "se o pessoal já estaria dormindo". Mesmo assim, deixou "Luz de Tieta" para os momentos finais, pedindo que o público cantasse de casa, na janela. "Pode ser que em alguns lugares aconteça, já pensou que bacana?"

Antes de encerrar, Caetano lembrou mais uma vez que já chegou a odiar o Natal –mas que aprendeu a gostar de novo das festas. "Eu não podia deixar de me referir a Roberto Carlos. Nem a Simone", afirmou.

Do palco, Tom, Zeca e Moreno aplaudiram. E Caetano se despediu, com um pequeno deslize: "Feliz 2001!".

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto afirmou incorretamente que Caetano Veloso havia dedicado a música "Um Índio" ao cantor Otto; o correto é ao menino Otto Lara Resende, neto do escritor homônimo. O nome correto da composição de Assis Valente é "Boas Festas", e não "Anoiteceu". E o título da música inédita cantada pelo músico é "Autoacalanto", e não "Alto Acalanto", como dito anteriormente.

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