Fitas da Legião Urbana apreendidas pela polícia são da gravadora, diz Universal

Diretor do braço brasileiro da empresa foi ouvido nesta quarta na delagacia responsável pelo caso, no Rio

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São Paulo

A Universal, gravadora que detém os fonogramas dos discos da Legião Urbana, foi ouvida no caso que envolve a busca por músicas inéditas de Renato Russo, vocalista e principal compositor da banda. A operação Tempo Perdido, na semana passada, apreendeu 91 itens, entre fitas e CDs, relacionados à Legião Urbana, em um depósito usado pela gravadora no Rio de Janeiro.

Nesta quarta, a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial, a DRCPIM, ouviu Afridsman Muzzy Neto, diretor financeiro e administrativo da Universal Music Brasil. A gravadora afirma que não é parte da investigação e que foi surpreendida com a apreensão das fitas.

“A Universal Music Brasil prestou esclarecimentos na investigação, da qual não é parte, pois foi surpreendida com mandado de busca e apreensão de gravações do grupo Legião Urbana, material este de exclusiva titularidade da gravadora EMI, cujo catálogo foi adquirido pela Universal Music”, diz o selo em comunicado enviado à imprensa.

“O material apreendido estava custodiado em local adequado e com capacidade para assegurar sua boa guarda e manutenção. Para além da surpresa, a companhia destaca sua preocupação quanto ao local para onde o referido material foi levado, considerando que condições precárias de guarda poderão causar danos irreparáveis às fitas originais, que contém gravações do grupo Legião Urbana, produzidas e pertencentes ao catálogo da prestigiosa EMI, depositária de grande parte da história musical deste país.”

Essa operação policial já gerou críticas firmes de Dado Villa-Lobos, guitarrista da Legião Urbana. Ele chamou a apreensão das fitas de “bizarra” e “estranha” e disse que elas são de toda a banda —que também inclui o baterista Marcelo Bonfá e o baixista Renato Rocha, morto em 2015.

O vocalista Renato Russo durante show da banda Legião Urbana, no estádio Parque Antarctica, em São Paulo, no ano de 1990 - Adi Leite/Folhapress

“O que aconteceu foi que a polícia e a Justiça brasileira invadiram a propriedade privada de uma multinacional chamada Universal Music, uma das maiores do planeta. Os discos, os fonogramas da Legião até [o disco de 1997] ‘Uma Outra Estação’ pertencem à companhia de discos, a Universal. E é claro que durante o processo de gravação tiveram sobras, coisas que a gente não usou e que ainda estão lá”, ele afirmou.

A operação chegou até as fitas da Universal depois que Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo, fez uma notícia-crime pedindo a investigação de supostas gravações inéditas do pai divulgadas online. As fitas agora estão sob posse do herdeiro após uma decisão judicial.

“Eu não entrei [na Justiça] contra Dado, [o baterista Marcelo] Bonfá ou gravadora”, disse Manfredini. “As investigações é que foram mostrando esses caminhos. Isso não tem nada a ver comigo. Não fui eu quem fui lá bater o pé na porta da gravadora.”

Ele diz acreditar que materiais raros e inéditos foram retirados do apartamento do pai, em Ipanema, no Rio, na época em que o imóvel estava sob os cuidados de seu avô, pai de Renato Russo, que morreu em 2004. Também disse que não teve acesso ao conteúdo dessas fitas.

Dado Villa-Lobos também afirmou que não há músicas inéditas e as fitas contêm sobras das gravações dos discos da banda. Segundo ele, essas fitas foram digitalizadas pelo produtor Marcelo Froes —também investigado pela polícia—, que enviou cópias a Dado, Bonfá, Rocha e à família de Renato Russo há 20 anos.

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