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'Trolls 2' merece ir ao hall da fama de desenhos para crianças e adultos

Agora, trolls do heavy metal reúnem exército de guitarristas e bateristas cabeludos para oprimir outros gêneros musicais

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São Paulo

Trolls 2

  • Quando Em cartaz nos cinemas a partir de quinta (3)
  • Classificação Livre
  • Elenco No original, vozes de Sam Rockwell, Anna Kendrick e Justin Timberlake
  • Produção EUA, 2020
  • Direção Walt Dohrn e David P. Smith

Quatro anos depois do primeiro filme, “Trolls 2” consegue algo raro entre as inúmeras franquias de animação que alcançam grande sucesso. A continuação das aventuras dos alegres personagens criados com textura de tecido é mais divertida e mais ambiciosa que o original.

Agora, o universo proposto pelos animadores se conecta completamente à música, com muita inventividade. Nada inesperado, já que entre a equipe à frente da empreitada está o cantor Justin Timberlake, que produz o filme, escreve canções e dá voz a Branch, um dos protagonistas, que na dublagem brasileira é chamado de Tronco.

O primeiro filme é encantador, com um elenco de criaturas liderado por Poppy (dublada pela atriz Anna Kendrick), a rainha dos trolls pop e grande paixão de Branch. Com o estouro de bilheteria e a maciça rodagem do primeiro desenho na TV, desta vez não é preciso gastar tempo apresentando os trolls. Quase todos conhecem esse povo colorido e feliz que vive em eterna festa, embalada por música pop.

Poppy e seus amigos vão descobrir que na verdade existem vários reinos trolls, cada um deles com seus habitantes dedicados exclusivamente a um gênero musical. O longo isolamento entre esses reinos começa a ruir sob uma ameaça.

A rainha dos trolls do heavy metal reúne seu opressor exército de guitarristas e bateristas cabeludos em enormes naves para percorrer e subjugar todos os outros reinos, obrigando que abandonem seu gênero favorito e se tornem devotos do metal.

Poppy, Branch e alguns amigos vão tentar deter os batalhões metaleiros e garantir a diversidade musical para que cada um escute o som que mais gostar.

Esse roteiro esperto, cheio de referências a curiosidades dos ritmos, é apenas um dos ingredientes da fórmula de sucesso de “Trolls 2”. O grande impacto é visual e sonoro.

Tudo é colorido, berrante, frenético, com personagens e cenários em metamorfoses sem freio, o que praticamente transforma esse filme infantil numa simulação dos efeitos alucinógenos do consumo de LSD.

E é impossível resistir à trilha sonora, que reúne clássicos populares das últimas décadas, de Ozzy Osbourne e Celine Dion até música tirolesa. Alguns hits aparecem com letras modificadas para um melhor encaixe na história, como “Trolls Just Want to Have Fun”, que se destaca como um videoclipe alucinante em cima do hino pop de Cyndi Lauper, “Girls Just Want to Have Fun”.

O arsenal de brincadeiras em cima dos clichês musicais é enorme. Os esfuziantes trolls do mundo pop ficam chocados quando adentram o reino da música country, que na dublagem brasileira é bem traduzido como reino sertanejo. A rainha Poppy não se conforma com aquele povo que só escuta canções tristes, sofridas, já que para ela a única função para a música é alegrar a todos.

Muitas piadas são destinadas claramente aos pais que vão acompanhar os pequenos nas sessões. Como, por exemplo, o fato de os trolls mais chatos entre todos os reinos serem os fãs do jazz leve, que passam o dia ouvindo Kenny G., o saxofonista de sucesso mundial que se tornou símbolo de uma música entediante.

Se a maior preocupação dos produtores das grandes animações é criar um desenho irresistível para as crianças que também satisfaça os adultos, “Trolls 2” vai direto para o hall da fama desse gênero cinematográfico. E, como um videoclipão, pode se prestar a várias reprises com o mesmo entusiasmo.

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