Uma boa mulher, em companhia da filha, leva uma caixa de brinquedos a um pequeno orfanato num dia de chuva. Um dos meninos não vai atrás dos brinquedos. Prefere se apossar do guarda-chuva trazido pela boa mulher e o esconder num armário no andar superior. A filha da boa mulher, no entanto, nota o que ele fez e vai atrás, disposta a recuperar o objeto.
Daí por diante é melhor não contar o que acontece nessa fábula, para não estragar as surpresas que vêm daí por diante. Não chegam a ser tão espetaculares assim, mas são, basicamente, o que “Umbrella” pode oferecer.
No mais, algumas indagações. Por que um filme de animação brasileiro busca um ambiente nova-iorquino para se fixar?
Dito isso, essa animação chama a atenção por alguns pontos. O principal talvez seja a capacidade de se expressar em imagens, numa situação razoavelmente complexa, que envolve uma volta ao passado e uma ida ao futuro. Os diretores trabalham sem originalidade ou ousadia, mas de forma competente, nesse sentido. O segundo é o bom uso das cores –a direção de arte do filme é elogiável.
O terceiro, e talvez mais importante, seja o recurso contínuo, insistente e tolo aos sentimentos, de que o uso da música melosa não é o único sinal evidente. Talvez não seja por acaso que o filme interessou ao Oscar, instituição que com tanta frequência difunde a ideia de que o cinema não passa de uma arte dos bons sentimentos aliados a uma certa técnica.
Não é isso. Não é só isso. Passa longe disso. E não é porque cineastas brasileiros se adaptam a essa lógica diminuta que a gente precisa se curvar. Não mesmo.
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