Pritzker, o Nobel de arquitetura, premia Lacaton & Vassal, do Palais de Tokyo

Na contramão dos 'starchitects', dupla francesa usa materiais banais para atualizar estruturas obsoletas do século 20

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O escritório francês Lacaton & Vassal foi anunciado como o vencedor do prêmio Pritzker de 2021, o Nobel da arquitetura.

O trabalho da dupla Anne Lacaton e Jean Philippe Vassal “reflete o espírito democrático da arquitetura”, afirmou o júri em ata divulgada na manhã de terça-feira (16).

O escritório nasceu em 1987 na cidade de Bordeaux e está sediado em Paris desde 1999, quando venceu o concurso nacional para a transformação do Palais de Tokyo, centro de arte contemporânea, na capital francesa.

Segundo a nota apresentada pelo Pritzker, ele foi selecionado por sua “abordagem crítica da arquitetura que encarna a generosidade do espaço, das ideias, dos usos, da economia de meios, de materiais, de formatos e formas”.

Os projetos da dupla costumam abraçar materiais banais, de catálogo, comprados em qualquer loja de material de construção francesa. Muitos deles buscam ainda atualizar estruturas obsoletas do século 20.

Foi o caso de uma de suas empreitadas mais emblemáticas, de quatro conjuntos habitacionais modernistas em periferias de grandes cidades que eles assinaram nos anos 2010 ao lado do arquiteto Frédéric Druot.

Localizados ao norte de Paris e em Grand Parc, em Bordeaux, os edifícios receberam esqueletos externos de modo a ampliar a área de cada apartamento e deixar mais luz entrar. A estratégia ainda permitiu que nenhum morador tivesse que sair do local enquanto as reformas aconteciam.

A escolha de Lacaton & Vassal surpreendeu as bolsas de apostas que tinham como francos favoritos os arquitetos negros Diébédo Francis Kéré, de Burkina Faso, e David Adjaye, de nacionalidade britânica e ganesa. Até mesmo um prêmio póstumo para Lina Bo Bardi foi aventado na última semana na esteira do Leão de Ouro pelo conjunto da obra concedido a ela pela Bienal de Veneza.

O júri foi comandado pelo arquiteto chileno Alejandro Aravena, Pritzker de 2016, o curador Barry Bergdoll, a arquiteta japonesa Kazuyo Sejima, o embaixador brasileiro André Correa do Lago, entre outros.

Com a escolha de Lacaton & Vassal, completa-se uma década sem a vitória de um chamado "starchitect", como são conhecidos autores de megaestruturas espalhafatosas, no Pritzker.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.