No dia 9 de janeiro de 1926, uma foto mostrava um comerciante e seus produtos na rua 25 de Março, ilustrando reportagem sobre a bagunça diária no local, com disputa acirrada por fregueses e condições ruins de higiene.
Em dezembro de 2012, o fotógrafo Tuca Vieira registrou o intenso movimento de pedestres na 25 de Março. Perto do Natal, num único dia, a rua recebia mais de 500 mil pessoas em busca de presentes.
Essas duas imagens estão presentes na Coleção 100 Anos de Fotografia – Pelas Lentes da Folha. Fazem parte do quinto volume da série, “Comércio – Do Pastel ao Vinil”, que chega às bancas no próximo domingo. Cada um dos dez livros da coleção é vendido por R$ 24,90 e vem com um pôster impresso em papel especial, com reprodução de uma foto impactante sobre o tema abordado naquele volume.
Nas comemorações de seu centenário, que foi completado no último dia 19 de fevereiro, a Folha lança a primeira de suas coleções editada exclusivamente com fotos de seus profissionais.
As mais de 400 imagens selecionadas para os dez volumes prestam tributo a esses fotógrafos e traçam a evolução do jornal no decorrer dessas décadas, criando sua maneira própria de contar os fatos em narrativas visuais.
Com as imagens sempre acompanhadas de detalhes curiosos, a coleção alia pequenas aulas de história para os leitores a um sentimento nostálgico que certamente despertará no público mais maduro. No caso deste volume sobre o desenvolvimento do comércio, também será atraente para quem tem particular interesse em produtos como, por exemplo, chapéus e discos de vinil.
Item praticamente obrigatório no guarda-roupa masculino até o final dos anos 1950, o chapéu era encontrado em muitas lojas do centro de São Paulo. Um exemplo é a Chapelaria Paulista, na rua Quintino Bocaiúva, perto da praça da Sé, fotografada em 1983 no registro editado no livro. Com uma resistência quase heroica às mudanças da moda, ela foi fundada em 1914 e conseguiu manter suas portas abertas até 2015, sempre no mesmo endereço.
Em uma fotografia de fevereiro de 1957, fãs de música visitam uma loja de discos buscando seus favoritos. A tecnologia dos discos de vinil, menos pesado que seus antecessores feitos de cerâmica, foi criada nos Estados Unidos em 1948, e a novidade ganhou enorme popularidade no Brasil na década seguinte.
Um personagem que surgiu nas ruas das grandes cidades na década de 1980 foi o segurador de placa. Ele anunciava os serviços de pequenos comerciantes que trabalhavam em salas dos prédios, não em
lojas com porta na rua.
A maioria dessas placas tinha a chamada “compro ouro”, numa época em que vender antigas joias da família se tornou opção para ajudar as finanças em tempos bicudos. Foto de Jorge Araújo, de 1983, documenta essa atividade nas ruas entre a praça da Sé e a praça da República, no centro paulistano.
Muitas fotos são dedicadas à enorme movimentação nos mercados e nas lojas.
Uma multidão espremida entre barracas de frutas no Ceagesp, em 1979, realmente impressiona. Às vezes, as imagens podem mostrar comércios em estágios bem diferentes. Por exemplo, a fachada imponente e bem lotada do Mappin, em 1982, então a grande loja de departamentos do país. Ou uma pequena mercearia em Brasília, numa foto tirada poucos dias antes da inauguração da cidade, no dia 21 de abril de 1960.
As feiras livres também são destacadas. Numa foto aérea de junho de 1960, quase 200 barracas estão dispostas numa feira gigantesca no encontro do largo do Paissandu com a avenida Rio Branco, em São Paulo. Entre outras curiosidades, o livro informa que o tradicional “pastel de feira” foi trazido à capital paulista nos anos 1950 pelos comerciantes que vieram do Japão.
O pôster do quinto volume exibe lojas de varejo convivendo com muitos vendedores ambulantes na avenida São João, no centro de São Paulo.
A foto foi tirada em fevereiro de 1957 e mostra ao fundo o viaduto do Chá, com trânsito intenso passando por debaixo de sua estrutura.
Com os volumes chegando às bancas a cada domingo, a Coleção 100 Anos de Fotografia – Pelas Lentes da Folha vai até o dia 2 de maio, com o lançamento de seu décimo número, chamado “Nostalgia – Memórias em Imagens”.
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