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Cinema

Filme do É Tudo Verdade mostra como Chaplin foi fiel às suas origens

Documentário é perfeitamente tradicional, mas em matéria do artista não há necessidade de inventar nada; ele já fez isso

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Charlie Chaplin, o Gênio da Liberdade

  • Quando Sábado (10), 11h
  • Preço Grátis
  • Classificação Livre
  • Produção França, 2020
  • Direção Yves Jeuland

A esta altura em que quase já esquecemos quem foi Carlitos, convém lembrar que, antes que o cinema fosse considerado arte, Charlie Chaplin já era tido como gênio.

Eis o que justifica um documentário perfeitamente tradicional. Em matéria de Chaplin não há necessidade de inventar nada. Ele já se encarregou disso.

“Charlie Chaplin, o Gênio da Liberdade”, exibido neste sábado (10) no festival É Tudo Verdade, nos apresenta uma biografia detalhada da vida de Chaplin, a partir de um ponto de vista inegável. Chaplin é um produto da Inglaterra rica e povoada de pobres da virada do século 19 para o 20. Chaplin nasceu pobre e sobreviveu no submundo londrino até se tornar um fenômeno.

Primeiro, a integração a uma importante trupe de burlesco britânica; depois, a visita aos Estados Unidos; em seguida, o convite para trabalhar com Mack Sennett no cinema. O sucesso foi tanto e tão instantâneo que meses depois Chaplin conquistava o direito de dirigir seus próprios filmes.

Mas, eis o ponto do documentário em questão, Chaplin permaneceu sempre fiel às suas origens, ainda que tivesse virado um trilionário. Daí a figura do “gentleman” vagabundo que faria história.

Chaplin tinha perfeita consciência dessa adesão ao lado dos fracos. Não é por acaso que escolheu o dos operários ao fazer “Tempos Modernos”. Menos acaso ainda existe no fato de ter ficado contra os
nazistas e ao lado dos judeus ao filmar o longa “O Grande Ditador”. Naquele momento, os magnatas de Hollywood faziam bons negócios com a Alemanha e tudo que não queriam era provocar Hitler. Era tudo o que Chaplin queria.

Por essas e outras, ele foi perseguido na era macarthista e foi mesmo convidado a não ficar nos EUA.

No mais, o filme tratará de seus desencantos (e encantos) amorosos e de certas mágoas que carregou.

O que o documentário traz é uma tonelada de imagens desconhecidas da vida de Chaplin. Quando não são cenas de filmes, são cenas dos seus estúdios ou mesmo de cinejornais de época que ilustram o que foi a época e como o personagem (Chaplin, mas também Carlitos) se situou nela.

“Chaplin” é um belo exemplar da escola francesa de filmes de arquivo. Revela bom trânsito pelos arquivos e cinematecas e conhecimento historiográfico (da época tratada e também do cinema).

Por fim, é possível dizer que Chaplin, ou Carlitos, é um personagem ideal. Passamos as últimas décadas tão empenhados em redescobrir os irmãos Marx e outros comediantes geniais da era do burlesco que Chaplin, famoso demais, acabou meio de escanteio.

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