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Olivia Rodrigo alcança posto de herdeira de Taylor Swift com 'Sour'

Cantora e atriz da Disney de 18 anos, que bateu recordes com o single 'Drivers License', lança primeiro álbum

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Sour

  • Onde Nas plataformas digitais
  • Autor Olivia Rodrigo
  • Produção Dan Nigro
  • Gravadora Geffen Records

Olivia Rodrigo é a mais nova estrela do pop americano. “Drivers License”, single feito sob medida para o TikTok, bateu recordes de audiência no streaming, ficando meses no topo das paradas globais, e abriu caminho para “Sour”, o disco de estreia da atriz e cantora, que chegou na sexta ao streaming.

Mas antes de entender o fenômeno de Rodrigo, é necessário um pouco mais de contexto. Atriz da série “High School Musical”, que foi febre nos anos 2000, ela se apaixonou no set pelo colega Joshua Bassett.

Eles nunca assumiram o relacionamento publicamente, mas em “Drivers License” ela canta sobre ser trocada por uma loira mais velha e confiante. A tal loira, conforme a internet não demorou para descobrir, seria Sabrina Carpenter, ex-estrela da Disney, que tem 22 anos de idade —Rodrigo tem apenas 18.

Dias depois de “Drivers License”, Carpenter lançou uma música chamada “Skin”, em que diz algo na linha de que, enquanto você chora e reclama, ele está aqui comigo. As notícias sobre o triângulo amoroso nunca foram confirmadas pelas partes, mas elas certamente são grande parte da razão por trás dos números impressionantes do single.

Impulsionada pela insegurança adolescente, em “Sour”, Rodrigo expande seu universo de angústia e melodrama com letras despojadas e a candura de quem saiu diretamente dos estúdios da Disney para o topo das paradas. Ao longo de 11 faixas, ela destila ironia enquanto lamenta o fim do namoro e tira sarro do ex-namorado e da atual dele.

A cantora, que é americana mas tem origem filipina, bebe das fontes do pop punk do Paramore, principalmente em “Good 4 You”, e do pop folk da fase inicial de Taylor Swift, tudo ancorado no estilo de produção pop estabelecido no pós-Lorde.

Especialmente nos baixos, no timbre e no estilo de gravação das vozes, ela pode lembrar Billie Eilish —mas mais fofa e pueril, sem se aprofundar nos temas existenciais.

“Enough for You”, uma balada em um violão dedilhado, poderia ter saído de um dos primeiros discos de Taylor Swift. “Eu sabia como você tomava seu café/ E suas músicas favoritas de cor [...]/ Pobre de mim, estúpida, emocional e obsessiva/ Sabia desde o princípio que é exatamente por isso que você me deixaria.”

A influência da cantora de “Folklore” fica mais evidente em “1 Step Forward, 3 Steps Back”, cuja letra sofrida foi feita em parceria com a própria Swift e com seu produtor, Jack Antonoff.

Em “Happier”, Rodrigo canta por cima de uma base de piano que soa como um encontro entre “Wish You Were Gay”, de Billie Eilish, e “Love on the Brain”, de Rihanna. Na letra, deseja que o ex esteja feliz, mas não tanto quanto com ela. É um bom exemplo de todo o disco, que transita entre a sofrência e o deboche.

É interessante perceber como a cantora direciona seu ódio tanto contra o ex quanto contra ela mesma. Em “Good 4 You”, canta que “talvez eu seja muito emotiva, ou talvez você nunca tenha se importado”. Em “Jealousy Jealousy”, diz que está sendo consumida pelo ciúme e pelas comparações com mulheres de “dentes brancos e corpos perfeitos”.

Mas apesar de tomado pela angústia, “Sour” é recheado de momentos de sarcasmo. Ainda em “Jealousy Jealousy”, ela zomba das fotos de viagem e das roupas vintage descoladas do ex e da nova namorada dele. “Acho que aquela terapeuta que eu arrumei pra você realmente te ajudou.”

Já “Brutal”, a faixa de abertura, é um pop punk sem firulas que remete tanto à australiana Courtney Barnett quanto à banda americana The Breeders. Mas, menos criativa e com estética mais previsível que os contemporâneos Eilish e Lil Nas X, Rodrigo traz uma franqueza na linguagem que é pouco comum em discos de estrelas da Disney —o que torna “Sour” mais interessante do que a encomenda.

O álbum credencia a cantora ao posto de uma das herdeiras mais talentosas de Swift —ou, pelo menos, com mais a cara da geração Z.

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