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Polanski revisita sua infância vivida em meio ao Holocausto em novo filme

Cineasta polonês é protagonista de documentário que resgata os horrores da Segunda Guerra Mundial

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Varsóvia | AFP

O cineasta Roman Polanski revisita os horrores do Holocausto, vividos em sua infância, num novo documentário, "Polanski, Horowitz. Hometown", que estreou neste domingo (30), na Cracóvia, cidade polonesa.

O filme segue Polanski percorrendo a cidade com o fotógrafo Ryszard Horowits, um amigo que o cineasta conheceu no gueto judaico, e é sobrevivente do Holocausto.

Homem branco de cabelos grisalhos usa terno preto
O cineasta polonês Roman Polanski em 4 de novembro de 2019 - Thomas Samson/AFP

O documentário retrata "memória, confrontos com o passado, a transitoriedade, o trauma, o destino", afirmou Mateusz Kudla, que dirigiu e produziu o filme conjuntamente com Anna Kokoszka-Romer.

"Através destes dois personagens que tiveram a sorte de sobreviver, também queremos mostrar a tragédia de todos os residentes do gueto de Cracóvia que não conseguiram isso", disse Kudla à AFP.

Em uma cena de "Polanski, Horowitz. Hometown", que inaugurou o Festival de Cinema de Cracóvia deste ano, Polanski lembra de quando viu um oficial nazista disprando tiros contra uma idosa pelas costas e o sangue jorrando como se fosse uma fonte.

"Apavorado, corri pela porta que estava atrás de mim.... Me escondi por trás destas escadas", conta Polanski, que tinha seis anos quando houve o início da Segunda Guerra Mundial.

"Foi meu primeiro encontro com o horror", explica a Horowitz, que o observa com atenção.

Horowitz, que foi um dos que receberam ajuda do industrial alemão Oskar Schindler, arregaça a manga da camisa em outra cena para mostrar o número tatuado no antebraço quando chegou, aos cinco anos, ao campo de extermínio de Auschwitz.

"Às vezes fico olhando para o vazio e penso que não pode ser certo, que deve se tratar de uma brincadeira estúpida. É possível ter estado lá e sobrevivido?", comenta Horowitz.

O filme também exibe o momento em que Polanski, visivelmente emocionado, se reúne com o neto de Stefania e Jan Buchala, o casal de camponeses católicos poloneses que o esconderam dos nazistas.

O filme não faz qualquer menção às acusações de violência sexual contra Polanski, que foi declarado persona non grata em Hollywood e que não pode voltar aos Estados Unidos, onde há uma ordem de prisão contra ele.

"Esse não era nosso enfoque, não era nossa intenção defender ou acusar ninguém. Este filme trata de outro capítulo da vida de Roman Polanski", explicou Kokoszka-Romer à AFP.

Os diretores esperam que o documentário possa ser disponibilizado online ou em plataformas de streaming.

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