Governo russo impede cineasta acusado de desviar verbas de viajar a Cannes

Apoiadores de Kirill Serebrennikov afirmam que a condenação do artista é, na verdade, uma perseguição política

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Moscou | AFP

O cineasta russo Kirill Serebrennikov, cujo novo filme competirá no Festival de Cannes, não pode deixar o território russo, nem comparecer ao evento, afirmou seu advogado à agência de notícias AFP, nesta segunda-feira (7).

"Kirill não pode deixar o território russo", informou Dmitri Kharitonov, dizendo ainda que esta proibição vigorará até o final de uma sentença condicional a que seu cliente está sujeito.

O artista, de 51 anos, foi condenado no final de junho de 2020 a três anos de prisão condicional e uma multa, sob a acusação de desvio de verbas públicas.

Rosto de homem branco com óculos de grau
Cineasta russo Kirill Serebrennikov em Moscow, em 7 de novembro de 2018 - AFP

Em agosto de 2017, ele foi preso e acusado de ter desviado cerca de 130 milhões de rublos (equivalente a € 1,8 milhão) entre os anos de 2011 e 2014.

Para seus apoiadores, a punição foi motivada pelas obras do artista, consideradas ousadas por misturarem sexualidade, política e religião —em oposição ao Kremlin, que defende um retorno aos "valores tradicionais".

Esse processo gerou uma onda de apoio internacional a Serebrennikov. Os organizadores do 74º Festival de Cinema de Cannes anunciaram na sexta (4) que o último longa-metragem do cineasta, "Petrov's Flu", disputará a Palma de Ouro.

O filme é uma adaptação de um romance do escritor russo Alexei Salnikov, no qual a triste vida de uma família em Ecaterimburgo, cidade industrial dos Urais, dá uma guinada surreal quando três de seus membros contraem gripe.

O longa deve ser lançado na Rússia em 9 de setembro, segundo a distribuidora a Sony Pictures. Após a notícia de sua indicação em Cannes, Serebrennikov disse estar muito feliz com a possibilidade de o filme ser visto no festival, informou em nota, divulgada pela Sony Pictures.

“Eu não tinha planejado fazer este filme. Ele veio até mim, me cativou e eu me tornei um cativo com muito prazer. Veio num momento muito difícil para minha vida, quase como 'uma tábua de salvação'”, afirmou.

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