Descrição de chapéu

Série sobre Juliette não mostra nada que possa justificar a sua produção

'Você Nunca Esteve Sozinha' estreia explorando fatos triviais da infância e adolescência da campeã do BBB 21

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São Paulo

Você Nunca Esteve Sozinha

  • Quando Estreia na terça (29)
  • Onde Globoplay
  • Direção Patricia Cupello

Quando, em seu discurso final no Big Brother Brasil, Tiago Leifert disse “Juliette você é um fenômeno”, ele explicitou o que os mais de 30 milhões de seus seguidores nas redes sociais viram durante os cem dias de confinamento. A então advogada, e “cover da Sandy”, se tornou a nova namoradinha do Brasil, deixando a atriz Regina Duarte apenas com o título de “ex”.

Essa frase de Leifert é uma das que iniciam a série documental “Você Nunca Esteve Sozinha”, dividida em seis partes, com publicação semanal feita pelo Globoplay, que em seu primeiro episódio narra as origens da paraibana, desde o seu nascimento, a infância até a morte de sua irmã Julienne.

Diferente do documentário da também ex-BBB Karol Conká, a produção não estava esperando a campeã nos corredores do Projac com uma câmera e uma luz forte em seu rosto —que, em seu caso, mostraria a alegria de vencer a edição. As imagens que abrem o primeiro episódio são as mesmas que já vimos à exaustão –dos ex-participantes do reality a insultando pelas costas e dela chorando repetidas vezes.

Algo inusitado são os depoimentos dos atores Selton Mello e Susana Vieira, do cantor Chico César e da jogadora de futebol Marta. Unânimes, eles contam como Juliette resgatou um sentimento de esperança na humanidade e como ela é, nas palavras de Mello, “uma Cinderela contemporânea”.

Os cactos, como ficaram apelidados seus fãs —representados no episódio por Têca Falcão, uma das administradoras de seu Instagram, e Indira Petit, que comandava sua página no Facebook—, são brevemente lembrados como seus impulsionadores.

Pouco se fala das maratonas de trabalho em frente ao celular e de como eles foram importantes protagonistas durante o programa. Esse distanciamento pós-BBB mostrado no documentário é refletido na hashtag #CactosEmGreve, alavancada no Twitter horas antes do lançamento da série.

As imagens da família de Juliette reunida num apartamento no Rio de Janeiro aguardando o anúncio do resultado da final são contrastadas com uma gravação de um bar cheio, com algumas pessoas de máscara e outras sem, todas aglomeradas, comemorando a vitória dela no programa.

Os relatos de amigos do colégio, de professores e de sua mãe tentam dar mais corpo à história inicialmente rasa. Durante os 35 minutos de duração, não é exibido nada incrivelmente interessante sobre sua infância e adolescência a ponto de justificar um documentário sobre sua vida. Tudo poderia ser resolvido numa curta reportagem no Fantástico.

Por outro lado, as imagens de Pedregal, bairro onde a campeã do BBB nasceu em Campina Grande, o circo da cidade e o destaque a expressões locais, como “gazeando aula” –uma advertência escolar tomada por Juliette–, dão um respiro entre tantos depoimentos redundantes e que não chegam a desenvolver histórias maiores.

Um dos pontos altos e de maior drama é sua relação com Julienne, irmã que morreu aos 17 anos, em 2009, vítima de um AVC. Para quem não conhece sua história, noticiar sua morte durante o episódio emociona, mas a falta de riqueza nos detalhes do seus últimos dias de vida frusta o espectador.

A sensação ao assistir ao primeiro episódio é a mesma de ver um grande Arquivo Confidencial, com depoimentos de antigos amigos, suas paqueras na adolescência, boletins escolares e fotos de família bem constrangedoras. Você passa mais de meia hora aguardando que a tela se divida, que Juliette apareça chorando e, de repente, surja um grito do Faustão. "Essa é a fera, meu!"

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