Amy Winehouse mantinha jukebox carregada de rock em pub que proibia drogas

Máquina ficava num quarto secreto no terceiro andar de local que ainda existe em Londres

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A segunda casa de Amy Winehouse em Londres era um pub chamado Hawley Arms, no festivo bairro de Camden Town. Descrito como um retrô pub com ambiente rock’n’roll, é bom saber que ele tenha sobrevivido à pandemia e ainda está lá no número 2 da Castlehaven Road, com fotos e quadros autografados por Amy.

O que provavelmente sumiu após esses dez anos desde que a artista morreu foi o seu quarto secreto no terceiro andar. Era um cubículo com sofás de couro, cortinas negras, uma cabeça de cervo prateada na parede e num canto, atraindo o centro das atenções, uma máquina de jukebox, dessas que você coloca ficha e ouve as canções. O gerente do Hawley Arms na ocasião, Craig Seymour, disse que Amy insistia por uma mesa de sinuca, mas que não havia espaço para tal ali.

“Ela chega com amigos, geralmente nas quartas-feiras, e, quando fica muito lotado, vai lá pra cima, no quarto privado. Paga tudo em dinheiro. Quando é muito tarde e não há mais ônibus, vou junto para a casa dela e durmo lá. Sem problemas”, contou o bartender Lucas Barnfield na reportagem que saiu na Serafina em dezembro de 2010.

Jukebox exclusivo de Amy Winehouse, que ficava em seu quarto secreto no pub Hawley Arms, em Londres - Ivan Finotti/Folhapress

Era uma jukebox de respeito, que ajuda a entender por que Amy cantou o que cantou e compôs o que compôs. Há muito blues e rock dos primórdios, como John Lee Hooker (“Boom Bom”), Chuck Berry (“Johnny B. Goode”) e Elvis Presley (“It’s Now or Never”). Por outro lado, há poucas cantoras e uma delas é Nancy Synatra (“These Boots Are Made for Walking”).

Diversos James Brown (“I Feel Good”, “Sex Sex Sex” e “Sex Machine”, entre outras). Muito rock dos anos 1960, tipo Beatles (“Rain”, “Day Tripper”, “We Can Work It Out” e “Paperbak Writer”), Kinks (“Dedicated Follower of Fashion”) e Who (“I Can See for Miles”), e dos anos 1970, como Elton John (“Rocket Man”, “Your Song”, “Daniel”), David Bowie (“Rebel Rebel”, “Changes”) e The Clash (“London Calling”, “This Is Radio Clash”).

Amy escutava pouco dos anos 1980 (ela nasceu em 1983), como demonstra a presença de The Smiths (“Panic”, “The Boy With the Torn in His Side”) e Depeche Mode (“Just Can’t Get Enough”). E um punhado de bandas que faziam sucesso à época, caso de Libertines (“Up the Bracket”), Strokes (“Some Day”) e Art Brut (“Good Weekend”).

Tudo isso junto e misturado pode ser ouvido em “Frank”, primeiro disco da cantora, de 2003, e, principalmente, em “Back to Black”, de 2006, com o som retrô dançante que transformou Amy em estrela em 2007 e lhe reservou seis prêmios Grammy em 2008.

Amy Winheouse tomando um drinque durante show em Lisboa, em 2008 - Reuters

Para embalar esse cancioneiro, Amy bebia. “O que ela gosta mesmo é de vodca. E Jack Daniels com Diet Coke. E todo o resto também”, resumiu o bartender Lucas.

Quanto às drogas, tudo indica que ela estava conseguindo superar com a ajuda do próprio pub. Na entrada, há dez anos, um aviso se destacava: “Drogas não são bem-vindas no Hawley Arms. Qualquer pessoa usando drogas será ejetada”.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.