Festival de Campos do Jordão volta mais enxuto depois de cancelamento na pandemia

Nova edição do evento tem homenagens aos 250 anos de Beethoven e ao centenário de Piazzolla

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São Paulo

Começa neste sábado mais um Festival de Campos do Jordão. Às oito da noite, o maestro Thierry Fischer comanda a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo na "Sinfonia N. 2 Op. 27" de Rachmaninov. O concerto acontece, como de costume, no Auditório Claudio Santoro, em Campos do Jordão, no interior paulista.

Mas, se a tradição de abertura está mantida, muitas coisas mudam nesta edição —a 51ª, após a suspensão do evento no ano passado por causa da Covid-19. Ainda que tenha a mesma duração de praticamente um mês, até 1º de agosto, o festival está encolhido em atrações, por todas as limitações impostas pela pandemia.

Em vez dos mais de cem espetáculos de 2019, nesta edição serão apenas 43, quase todos em Campos do Jordão. Também o tamanho dos concertos foi reduzido e terão, no máximo, uma hora de duração.

A grande exibição de orquestras de várias partes de São Paulo e de outros estados dos anos anteriores foi substituída, majoritariamente, por grupos camerísticos. Além da Jazz Sinfônica e da Osesp, estarão presentes apenas a Orquestra Jovem do Estado de São Paulo e a Orquestra do Theatro São Pedro, além dos grupos formados pelos próprios bolsistas.

Os 135 alunos selecionados se dividirão em duas orquestras acadêmicas de 60 integrantes, em vez de um único grande grupo, por causa dos protocolos sanitários. Uma das orquestras, regida por Cláudio Cruz, se apresenta no dia 17. A outra, sob o comando de Giancarlo Guerrero, toca no dia 24.

Haverá ainda um conjunto formado por bolsistas e professores do festival, que interpreta um programa barroco sob direção de Luis Otávio Santos, em 1º de agosto.

Já há alguns anos o festival se divide entre Campos do Jordão e a capital paulista, onde se concentram as atividades pedagógicas. Neste ano os alunos terão aulas virtuais e presenciais na Sala São Paulo, com as classes transmitidas pela plataforma Educação Osesp. Também as atrações artísticas serão transmitidas na íntegra pela internet, no YouTube do Festival e na plataforma #CulturaEmCasa, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

Faz algum tempo que o evento tirou o “internacional” que ostentava no nome, passando a se chamar apenas Festival de Inverno de Campos do Jordão. A novidade é que, a partir de agora, ele passa a se chamar Festival de Verão e Inverno de Campos do Jordão, já que, além da tradicional edição de julho, acontecerá outra entre janeiro e fevereiro, a partir de 2022. Serão, portanto, duas versões anuais.

Segundo o secretário estadual de Cultura de São Paulo, Sérgio Sá Leitão, isso vai potencializar o festival e ampliar seu impacto positivo no turismo e geração de renda na região do Vale do Paraíba.

Desde a última edição, a música popular —que sempre esteve presente, em maior ou menor grau, desde a década de 1980— foi assumida oficialmente no festival, com a programação artística estruturada em dois eixos, o clássico, com curadoria da Osesp, e o popular, sob direção da Jazz Sinfônica.

A programação de música clássica vai celebrar a grande efeméride frustrada de 2020 por causa da pandemia –os 250 anos de Beethoven, cujas obras, entre música de câmara e sinfonias, estarão presentes em oito concertos.

Também serão lembrados os cem anos de nascimento do argentino Astor Piazzolla, em concertos de grupos como Escualo Ensemble, Trombonismo e no encerramento, quando a Osesp, sob a batuta de Giancarlo Guerrero, interpreta a Sinfonia Buenos Aires.

Outros destaques da programação clássica são o Quarteto Camargo Guarnieri com Vera Astrachan, o pianista Lucas Thomazinho, os violões do Duo Siqueira Lima e a recém-criada São Paulo Chamber Soloists, que tem como objetivo tocar o repertório camerístico incluindo a produção de minorias como negros, mulheres e LGBTs.

A organização do festival anunciou com destaque a presença de obras de compositoras nos recitais de professores e bolsistas. É verdade que nomes como os de Fanny Mendelssohn, Chiquinha Gonzaga ou Marisa Rezende estarão presentes. Mas é de se perguntar o que ainda falta para que a música composta por mulheres seja de fato inserida nas programações das grandes orquestras, uma vez que, pelo menos desde o final do século 19, elas compõem grandes peças sinfônicas.

No eixo da música popular, o principal destaque são os quatro concertos que a Jazz Sinfônica faz, aos domingos, na Sala São Paulo, sempre com convidados, entre eles Roberta Sá, Nelson Ayres e Vanessa Moreno, Mart’nália e Renato Braz.

Veja os destaques desta edição

3.jul
20h

Abertura do Festival de Verão e Inverno de Campos do Jordão - Osesp com Thierry Fischer regente

4.jul
16h30

Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, Cláudio Cruz regente com Olga Kopylova ao piano

4.jul
20h

Jazz Sinfônica com Roberta Sá

5.jul
19h

Quarteto Camargo Guarnieri com Vera Astrachan ao piano

6.jul
19h

Lucas Thomazinho, piano

10.jul
20h

São Paulo Chamber Soloists

11.jul
16h30

Escualo Ensemble

11.jul
19h

Jazz Sinfônica com Vanessa Moreno, Nelson Ayres e Tiago Costa

13.jul
19h

Quarteto Osesp

14.jul
19h

Trombonismo

16.jul
19h

Orquestra do Theatro São Pedro, Ira Levin regente e piano

17.jul
20h

Orquestra do festival, Cláudio Cruz regente

18.jul
16h30

Choros Toco Assim, Hercules Gomes no piano

18.jul
19h

Jazz Sinfônica com Mart'nália

21.jul
19h

Duo Siqueira Lima

24.jul
20h

Orquestra do festival, Giancarlo Guerrero regente

1.ago
11h

Bolsistas e professores do festival, Luis Otavio Santos regente e violino

1.ago
16h30

Encerramento com Osesp, Giancarlo Guerrero regente

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