Envolvido numa série de polêmicas nos últimos meses, o Globo de Ouro, organizado pela Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood, HFPA na sigla em inglês, anunciou nesta quarta (30) mudanças que permitirão que filmes em língua estrangeira e de animação concorram a seus principais troféus.
A mudança vem na esteira de críticas à falta de diversidade e transparência da associação. Entre elas, a de que o aclamado "Minari" —uma história de imigrantes filmada principalmente em coreano, mas ambientada no estado americano do Arkansas— foi restrito à categoria de filme em língua estrangeira na edição deste ano.
A obra não pôde concorrer aos prêmios de melhor filme de comédia e de drama, considerados os maiores do Globo de Ouro. O mesmo ocorreu com "Parasita", vencedor do Oscar de melhor filme no ano anterior.
"Ao reexaminar nossas diretrizes este ano e ouvir a indústria, decidimos adotar novas abordagens para futuras cerimônias, que garantirão que esses filmes recebam a atenção que merecem", disse o presidente da HFPA, Ali Sar, em comunicado enviado à AFP. "O idioma não será mais uma barreira para ser reconhecido como o melhor."
Formada por cerca de 90 jornalistas, a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood está sob os holofotes desde o ano passado, quando foi acusada de racismo, sexismo, assédio e corrupção.
No mês passado, o grupo aprovou uma série de reformas em busca de mais inclusão e diversidade, na esperança de acabar com a publicidade negativa. Mas a reação de Hollywood tem sido feroz, com estrelas como Scarlett Johansson e Tom Cruise condenando as mudanças por terem sido lentas, vagas e não abordarem algumas das queixas mais fundamentais.
Desde então, dois membros da associação renunciaram, chamando o grupo de "tóxico".
Agora, a HFPA disse que a maioria de seus membros "completou sessões de formação sobre diversidade, equidade e inclusão, e passos significativos já foram dados na reestruturação da organização".
As mudanças incluem proibir os membros de aceitar presentes, contratar consultores de diversidade e estabelecer uma linha telefônica anônima para receber denúncias.
As medidas "entrarão em vigor imediatamente, independentemente da próxima data de transmissão do Globo de Ouro, demonstrando nosso compromisso com a diversidade e com a inclusão em todos os aspectos de nosso trabalho", afirmou Sar.
Resta saber, porém, se a indústria que por muito tempo tolerou alguns dos comportamentos mais questionáveis da HFPA retornará à premiação. Empresas como a Netflix e a Warner Bros prometeram não trabalhar com o grupo até que mudanças significativas fossem feitas.
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