Governo Bolsonaro criou condições para tragédia na Cinemateca, diz Walter Salles

Para cineasta, fogo é 'resultado do desprezo e incompetência de um governo que veio para apagar a nossa memória'

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São Paulo

"O incêndio do galpão da Cinemateca Brasileira é o resultado do desprezo e incompetência de um governo que veio para apagar a nossa memória coletiva, e não para preservá-la", afirmou à Folha o cineasta carioca Walter Salles, um dos maiores do cinema brasileiro.

Diretor de filmes que marcaram a história recente do cinema nacional, como "Terra Estrangeira" e "Central do Brasil", Salles chamou o episódio de "desastre" e avaliou que não se trata de "um incidente, e sim da consequência de uma política de Estado".

O cineasta brasileiro Walter Salles, diretor de filmes como "Central do Brasil" e "Diários de Motocicleta" - Marcus Leoni/Folhapress

"Ao afastar o corpo técnico altamente especializado da Cinemateca Brasileira, o governo criou as condições para essa tragédia anunciada."

Segundo os primeiros relatos sobre o incêndio, o fogo teria consumido quatro toneladas de documentos que remontam a história das políticas públicas do cinema brasileiro, desde o Instituto Nacional do Cinema, criado nos anos 1960, até a atual Secretaria Nacional do Audiovisual, passando pelo Conselho Nacional de Cinema e por parte da história da Embrafilme.

"Uma Cinemateca guarda a memória visual de todo um país. É um bem público, que pertence a todos os brasileiros e não a um governo", diz Salles. "Simbolicamente, o incêndio do galpão da Cinemateca Brasileira —e portanto da nossa memória coletiva— é como o incêndio das terras públicas na Amazônia. Um crime."

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