Descrição de chapéu Tóquio 2020

Olimpíadas de Tóquio têm ícones esportivos animados pela primeira vez na história

Designer Kota Iguchi teve ajuda de atletas para representar os movimentos de forma realista

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São Paulo

Pela primeira vez na história das Olimpíadas, os ícones que representam os esportes da competição ganharam versões em movimento. As animações dos pictogramas apresentam com delicadeza os corpos dos atletas de Tóquio em ação, em vídeos de quatro segundos.

“Assisti a muitos vídeos de jogadores e às vezes eu mesmo movia o meu corpo para conferir o movimento”, conta Kota Iguchi, o designer de 37 anos responsável por dar vida aos ícones. Segundo ele, profissionais de cada competição conferiam o resultado de suas criações durante o processo de desenvolvimento, que levou cerca de um ano.

Na competição de vela, por exemplo, o primeiro movimento imaginado por Iguchi para a animação afundaria o barco e foi necessário consultar uma pessoa da área para fazer a correção. No judô, ele foi instruído a mudar o centro de gravidade do bonequinho em determinado ponto do movimento para obter um resultado mais realista.

As 73 animações, englobando os esportes olímpicos e paralímpicos, podem ser conferidas agora numa série de monitores numa exposição na Japan House, em São Paulo. Além dos símbolos, “Lounge Esportivo: Tokyo 2020” traz também bonecos de pelúcia das mascotes dos jogos e conteúdos sobre modalidades populares no Brasil e no Japão, como skate, surfe e caratê, esportes estreantes no programa de Tóquio 2020. 

Os pictogramas como os conhecemos hoje surgiram também em Tóquio, nas Olimpíadas de 1964, para permitir a comunicação gráfica e não verbal dos esportes. Contudo, versões rudimentares desses ícones já haviam sido usadas nos jogos de Estocolmo, em 1912, e de Paris, em 1924, de acordo com um estudo de Markus Osterwalder, especialista no design gráfico das Olimpíadas.

“Os japoneses enfrentaram o problema da linguagem. Ninguém fala japonês fora do Japão. Então, eles realmente tiveram de encontrar algo que funcionasse para todas as pessoas de outros países. Um sistema não verbal. Eles reduziram as formas e tamanhos ao mínimo necessário para entender a mensagem”, escreveu Osterwalder, ao explicar como os japoneses chegaram aos ícones de 1964.

Na versão daquela década, os desenhos já eram mínimos, usando só círculos e linhas retas. Traziam também a ideia de movimento, aperfeiçoada agora em imagens que prezam a suavidade e as curvas que representam os corpos dos atletas, segundo Iguchi, o designer. Em boa parte dos ícones atuais, os torsos são "invisíveis", e a cor é aplicada nos membros e nos instrumentos de cada esporte.

Para se ter ideia da economia no desenho japonês, basta comparar os ícones de Tóquio, seja de antes ou de agora, com os dos jogos do Rio de Janeiro, em 2016.

Criados pelo estúdio Dalton Maag, os 64 pictogramas brasileiros trazem os bonequinhos em cor branca e uma série de linhas finas representando, por exemplo, o cavalo no hipismo ou a água na natação. Com sua beleza própria, esses símbolos remetem ao logotipo das Olimpíadas cariocas de maneira mais direta do que os de Tóquio —a logomarca japonesa é composta por retângulos de diversos tamanhos.

Quem desenhou os ícones de 2020 foi Masaaki Hiromura, um discípulo de Ikko Tanaka, que pertenceu à equipe de desenvolvimento dos pictogramas de 1964, de modo que há uma semelhança entre os ícones dessas duas competições. Naquele ano, contudo, as imagens eram pretas, mas agora elas são azul índigo, a cor do tingimento de peças jeans, uma tonalidade tradicional do Japão e a mesma usada no logotipo de Tóquio-2020.

O orgulho japonês com os pictogramas em movimento é tamanho que, na cerimônia de abertura dos jogos, nesta sexta, houve uma encenação das animações com atores reais, vestidos com figurino azul e branco e reproduzindo, ao vivo, os movimentos dos ícones. Fora dali, as animações são usadas nos locais de competição, durante a transmissão das partidas e também no site e nas redes sociais das Olimpíadas.

Iguchi conta que empregou a paixão e a dedicação de um artesão para animar os bonequinhos. “Tive a sensação de que, se não fizesse assim, não conseguiria representar a sensação real dos atletas naqueles pictogramas.”

Lounge Esportivo: Tokyo 2020

  • Quando Até 12 de setembro; de terça a domingo, das 11h às 16h
  • Onde Japan House, av. Paulista, 52
  • Preço Grátis
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