Chile faz primeiro show-teste da América Latina para medir transmissão da Covid

Em estudo para retomada de eventos culturais, participantes assistiram à apresentação da banda Chancho en Piedra

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Pablo Cozzaglio
Santiago | AFP

Teste PCR negativo e máscara para entrar –após 17 meses sem shows ao vivo no Chile por causa da pandemia, 200 voluntários compareceram na quinta-feira (26) à apresentação de uma banda de rock com capacidade total para testar os altos riscos de contágio do coronavírus.

O primeiro ensaio desse tipo na América Latina se chamou “La Música Ensaya”, um estudo da Sociedade Chilena de Autores e Intérpretes Musicais e do Hospital das Clínicas da Universidade do Chile, que busca conclusões científicas para o retorno de shows e outras atividades culturais em tempos de Covid.

Com a parafernália do seu grupo favorito e a ansiedade para voltar a dançar e cantarolar sucessos entre estranhos, os participantes desse experimento em Santiago aproveitaram uma hora ao ritmo do funk rock do Chancho en Piedra, uma popular banda chilena que transformou seus seguidores em voluntários de um ensaio clínico que começou às oito horas da manhã, em pleno inverno, com um teste PCR no hospital.

Todos aqueles cujo teste deu negativo tiveram seu passe para o toque noturno em uma sala também com protocolos sanitários e, como dita a nova era, com máscaras e álcool em gel à mão.

Chilenos vacinados aproveitam a banda Chancho en Piedra durante show que faz parte de um estudo do Hospital Clínico da Universidade do Chile para a pandemia do coronavírus, em 26 de agosto em Santiago, Chile. - via REUTERS

“Acredito que todos queremos voltar aos eventos, à música, mas com a proteção necessária, e hoje em dia assusta a todos nós um pouquinho, mas já que todos os que estão aqui tem o PCR negativo é algo muito importante e bonito. É maravilhoso voltar e sentir a música”, disse Nicole, uma mulher de 31 anos que fez uma pausa em seu trabalho de recursos humanos.

O primeiro requisito para esse show era estar com o esquema vacinal completo, que no Chile já são mais de 69% da população total de 19 milhões de habitantes e que, como o Uruguai, começou em agosto a aplicar uma terceira dose.

Assim como fizeram em Barcelona e em outras partes do mundo, este tipo de ensaios clínicos querem “fornecer informações científicas para que haja protocolos que deem maior estabilidade ao setor e maiores capacidades para que a música chilena volte com força aos palcos”, afirmou Rodrigo Osorio, presidente da Sociedade de Direito do Autor e vocalista do grupo Sinergia.

Música como antídoto

O Chile atravessa seu melhor momento em relação ao controle da pandemia. No entanto, desde março de 2020, é um dos países com maiores restrições em termos de suspensão de aulas, quarentena por comunidades e regiões, fronteiras fechadas e capacidade muito reduzida. Hoje, o toque de recolher noturno também é mantido. ​ ​

Chilenos vacinados aproveitam a banda Chancho en Piedra durante um show que faz parte de um estudo do Hospital Clinico de la Universidad de Chile (Hospital Clínico da Universidade do Chile) sobre a pandemia do coronavírus, em 26 de agosto, em Santiago, Chile. - via REUTERS

“Queremos que isso abra um precedente para que a música de toda a região possa retornar de forma contínua e estável e que os músicos e todo o setor possam voltar a trabalhar”, disse Osorio.

O ensaio inclui um teste PCR oito dias depois a todos os presentes no local, disse o imunologista do Hospital das Clínicas da Universidade do Chile, Alejandro Afani, na esperança de que possa servir a todo um setor cultural ansioso para recuperar seus palcos com plateias lotadas assim que possível.

“Neste projeto vemos como a ciência é posta à disposição da cultura, para apoiar seu retorno necessário e seguro”, comentou o reitor da Universidade do Chile, Ennio Vivaldi. “Não temos dúvidas de que a música é um elemento vital para o bem-estar das pessoas e queremos contribuir para que isso não seja apenas uma frase, mas uma realidade”, acrescentou.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.