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Cinema

'Infiltrado', de Guy Ritchie, é tão machão que cheira a sovaco

Com Jason Statham, filme não tem originalidade e é sério candidato a pior da carreira do diretor

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Infiltrado

  • Quando Estreia nesta quinta (26)
  • Onde Nos cinemas
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Jason Statham, Josh Hartnett e Scott Eastwood
  • Produção EUA/Reino Unido, 2021
  • Direção Guy Ritchie



"Infiltrado", novo longa de Guy Ritchie, concorre ao pior filme de sua carreira. É uma baixada de nível surpreendente para quem há 23 anos chegou causando com um cinema moderno, verborrágico, violento e engraçado, saudado como uma resposta britânica ao americano Quentin Tarantino.

Naquele primeiro longa, "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes", de 1998, já era Jason Statham quem roubava a cena. A dobradinha se repetiria em "Snatch: Porcos e Diamantes", de 2000, que, provando a força do filme anterior, seria protagonizado por Brad Pitt com um hilário sotaque cigano proveniente de alguma charneca perdida da Inglaterra.

De lá para cá, o diretor casou com a cantora Madonna, divorciou, casou novamente com uma atriz e criou cinco filhos. Mas os tempos em que fazia diferença como diretor estão cada vez mais longínquos, vide sua tentativa de dar uma nova roupagem a Sherlock Holmes em dois filmes com Robert Downey Jr. e Jude Law, em 2009 e 2011.

Em "Inflitrado", Ritchie desistiu de tudo. Convocou para protagonista o velho amigo Jason Statham, ator que nos últimos 20 anos conquistou uma carreira especializada em filmes de ação, repleta de baixos e baixos, digna de um Chuck Norris dos anos 2000.

Não há um pingo de originalidade aqui. Statham é Patrick Hill, um caladão que começa a trabalhar em uma empresa de carros-fortes e carrega milhões diariamente pelas ruas de Los Angeles. Aí haverá um plano para um assalto. Haverá o assalto. Haverá traições e milhares de balas disparadas.

E Statham é daquele tipo que não erra uma e tem uma voz que faz tremer os homens ao seu redor. Falando em homens, o filme é tão macho que quase cheira a sovaco. Há uma tentativa de atuação de Statham como um pai atormentado em busca de vingança. O desinteresse do espectador aumenta em proporção inversa ao número de caretas que o ator consegue fazer.

Para piorar, o título brasileiro já entrega que há um infiltrado, caso raro de spoiler oficial. No original, é "Wrath of Man", que significa algo como fúria de um homem. Pois em Portugal, a tradução foi de "Um Homem Furioso", enquanto nos países latino-americanos foi escolhida "Justicia Implacable". Que sono...

A única tentativa de desafiar o espectador é uma manipulação temporal, insuficiente para fazer valer o filme.

Lançado em maio nos Estados Unidos, "Infiltrado" estreou em primeiro lugar nas bilheterias e ultrapassou US$ 100 milhões internacionalmente, ou R$ 524 milhões, o que não é nada mal para um mundo em quarentena. Mas vamos reformular essa última frase. "Infiltrado" ultrapassou US$ 100 milhões em bilheterias, o que parece bem de acordo com um mundo doente.

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