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Jon Snow esquece os dragões com um romance pandêmico em novo 'Amor Moderno'

Kit Harington protagoniza uma das histórias da segunda temporada da série, que resolveu abordar o coronavírus

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São Paulo

Dois estranhos se sentam lado a lado num trem que corta o território britânico. Eles se entrosam imediatamente, conversam, ganham uma serenata de um terceiro desconhecido ali próximo e desembarcam com a certeza de que encontraram o amor de suas vidas. Na hora de se despedir, não dão um beijo —eles encostam seus cotovelos, o mais sensato a fazer.

Eles tampouco trocam informações de telefone ou redes sociais e preferem combinar de se encontrar novamente na estação em duas semanas, quando um tal coronavírus já terá ficado no passado. A verdade é que, naquelas primeiras semanas de Covid-19 no Ocidente, muitos achavam que a situação seria passageira.

Os protagonistas de um dos episódios da segunda temporada de “Amor Moderno” foram ingênuos ao crer que poderiam entrar num trem lotado e voltar ao trabalho presencial em poucos dias. A angústia da espera para o reencontro e a incerteza sobre a gravidade da pandemia guiam o episódio protagonizado por Kit Harington e Lucy Boynton na série antológica.

“Esses dois personagens são meio que a antítese de ‘amor moderno’”, diz o ator britânico, mencionando o nome da série. “Eles querem as coisas da maneira antiga. Há uma rejeição dos aplicativos de namoro, e isso cria uma história de amor muito romântica.”

Eterno Jon Snow, de “Game of Thrones”, Harington achou estranho atuar com os protocolos de segurança que estavam em vigor durante as filmagens, no ano passado, mas se diz agradecido por ter trabalhado na pandemia.

Na série épica da HBO, em meio às mortes brutais, aos dragões cuspidores de fogo e ao sexo despudorado, muitos dos breves momentos de afeto e romance foram garantidos justamente pelo seu personagem, que se envolveu com a coprotagonista Daenerys Targaryen e, muito antes, com a selvagem Ygritte —sua intérprete, aliás, se tornou mulher de Harington na vida real.

Mas o britânico não acredita que esses pares românticos poderiam protagonizar uma trama de “Amor Moderno”. “Seria um episódio deprimente, que provavelmente terminaria com morte”, brinca ele, que não se considera uma pessoa romântica à moda antiga, que acredita em amor à primeira vista ou felizes para sempre.

“Eu acho que relacionamentos são muito mais complicados do que isso, acho que eles têm mais a ver com as reações químicas no seu corpo do que com destino —e isso é algo muito não romântico para se dizer”, afirma, olhando sorrateiramente para um canto da câmera invisível aos jornalistas que conversavam com ele.

O convite para estrelar um dos episódios da série, diz ele, veio em boa hora, já que, depois da matança vista na temporada derradeira de “Game of Thrones”, Harington buscava um trabalho mais light, por assim dizer. Fora que essa é uma oportunidade de escapar do jeitão sisudo do personagem que viveu por oito temporadas.

“Eu passei anos interpretando o que provavelmente era o personagem menos cômico de toda a televisão. Os roteiristas me davam uma piada e simplesmente não funcionava. Então agora eu quero variar, fazer coisas diferentes.”

Inspirada na coluna homônima do jornal americano The New York Times, “Modern Love”, no título em inglês, a série fez sua estreia no Amazon Prime Video em 2019, com grandes estrelas se revezando para assumir as histórias a cada episódio. Nos oito novos capítulos, que serão lançados na próxima semana, aparecem, além de Harington e Boynton, Minnie Driver, Anna Paquin, Tobias Menzies, Garrett Hedlund e Sophie Okonedo.

Como não poderia ser diferente —e o próprio nome sugere—, o tema que liga as oito novas tramas é o amor, em suas mais diversas formas. Não espere ver apenas encontros românticos como o protagonizado por Harington e Boynton —o sentimento pode surgir, por exemplo, na memória afetiva despertada por um carro velho ou nas boas lembranças de uma ficada despretensiosa.

"Eu tenho certeza que muita gente acha isso brega. Me incomoda? Eu diria que não, um pouco de cafonice é bom”, diz John Carney, criador e produtor de “Amor Moderno”. “Eu acho que amor é algo importante para todo mundo, a conectividade humana encontra uma maneira de aparecer até em filmes de terror. É algo que sempre está lá quando a coisa é boa, não é?”

Mesmo gravada na pandemia, a segunda temporada da série permitiu que a crise sanitária invadisse só um de seus episódios. Todos os outros mostram um mundo pré-coronavírus, com abraços, beijos e amassos passionais entre seus personagens, coisas das quais as pessoas sentem falta no momento atual.

“Foi um saco filmar porque todo mundo estava usando máscaras, então não foi uma experiência agradável. Mas, tematicamente, acho que encontramos um equilíbrio —nós reconhecemos a existência do coronavírus, mas não o deixamos dominar a temporada, porque já estamos vendo máscaras o suficiente no mundo real.”

Amor Moderno (2ª temporada)

  • Quando Estreia no dia 13 de agosto, no Amazon Prime Video
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Kit Harington, Lucy Boynton e Minnie Driver
  • Produção EUA, 2021
  • Criação John Carney
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