'Preto à Porter' aposta no formato pop de um 'Saia Justa' sobre cultura negra

Times de apresentadores da série com episódios semanais inclui Helio de la Peña, Neyzona, Roger Cipó e Caroline Sodré

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São Paulo

Em meados do ano passado, o diretor, roteirista e músico Rodrigo Pitta pensou em escrever na imprensa uma coluna sobre a cultura negra brasileira. O projeto acabou evoluindo para um programa semanal e o resultado é "Preto à Porter", que estreia na manhã desta terça-feira (24), no Canal UOL.

"Eu quis fazer um 'Saia Justa' negro", conta Pitta em entrevista por videoconferência. "Uma série documental em forma de programa de variedades. Esse formato é pop e o público está acostumado a receber informação dessa maneira, de pessoas que se parecem com ele."

O próprio Pitta escreveu e dirigiu todas as entrevistas do programa e até assinou a música-tema em parceria com a banda Gilsons, formada por um filho e dois netos do tropicalista Gilberto Gil.

Mas ele deixou a condução mesmo do programa para a artista Neyzona, o fotógrafo Roger Cipó e a historiadora Caroline Sodré, todos com muitos seguidores nas redes sociais, e o ator Helio de la Peña, do "Casseta & Planeta", o único dos quatro que veio da mídia mais tradicional.

Ao longo de cinco episódios temáticos e semanais, "Preto à Porter" quer contar histórias que os próprios pretos desconhecem, através de depoimentos, reportagens e números musicais.

A ênfase é na imensa contribuição da África para a formação da cultura brasileira. "Vamos descolonizar o pensamento do público e resgatar a realeza negra", diz o diretor.

Assuntos sérios como religião, ancestralidade e pretos em posições de poder são abordados com leveza. Famosos como Eliana Pittman, Chico Brown e Preta Gil falam de suas experiências pessoais, assim como cientistas, advogados e empresários.

No terceiro episódio, que é sobre o colorismo —a discriminação de pessoas em função do tom de sua pele—, aparecem os dois únicos convidados brancos dessa primeira temporada, o ator Bruno Gagliasso, que adotou duas crianças negras, e a artista plástica Adriana Varejão, cuja obra "Tintas Polvo" tenta materializar cores como "sapecada" e "moreninha do pasto", autodeclaradas por pessoas que responderam ao último censo conduzido pelo IBGE, em 2010.

"Eu não sabia que Machado de Assis era negro, nem que o primeiro presidente negro foi Nilo Peçanha", admite Helio de la Peña. "Mas o mundo está mudando. A mudança era lenta, gradual, quase imperceptível. No entanto, desde que surgiram as cotas nas universidades brasileiras, os pretos começaram a se encontrar mais e a discutir mais essa falta de representatividade. E o assassinato de George Floyd pela polícia, em maio de 2020, acelerou esse processo."

De la Peña se aproximou de Pitta para o elogiar pela websérie "Alta Sociedade Baixa", que fez sucesso no Instagram. Acabou sendo convidado pelo diretor para uma participação no último episódio e, depois, para o "Preto à Porter".

"Espero que o programa seja bem recebido e bem entendido. Que percebam a realeza que o Pitta conseguiu reunir", conclui o ator. "Pois, apesar da equipe quase 100% preta, 'Preto à Porter' não é um programa só para pretos".

Preto à Porter

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