O primeiro contato foi na sala de espera de um dentista. O jovem Phillippe Petit viu numa revista a propaganda de um World Trade Center que ainda não havia sido construído. Simulou um espirro para abafar o som que produziu quando rasgou a página. E saiu com o seu sonho debaixo do braço —a partir daquele momento, ele queria se equilibrar num fio de aço estendido entre as Torres Gêmeas. E mais: sabia, desde o começo, que seria uma missão ilegal.
Passaram-se muitos anos, Petit se tornou um renomado equilibrista, e tudo o que ele fazia soava como um treinamento para o grande desafio da sua vida. Primeiro, estendeu um fio entre as torres da Igreja de Notre-Dame, em Paris, e caminhou de um lado pelo outro com a leveza de uma nuvem. Em 1973, equilibrou-se entre os enormes pilares da Harbour Bridge, em Sydney. A poesia das imagens é comovente.
Em paralelo, Petit conseguia convencer diversas pessoas a seguirem seus passos em direção ao sonho maior. A união de seu poder de sedução com a poderosa ideia de caminhar entre as Torres Gêmeas soou irresistível para os vários ajudantes que conseguiu angariar para a missão.
O diretor James Marsh se encantou pela travessia de Petit e deu ao filme “O Equilibrista" uma pegada parecida com os grandes filmes de ação em que os assaltantes planejam saquear um banco. Marsh sabia que Petit e sua equipe passaram anos planejando a façanha.
Como entrar no prédio? Como subir no telhado? Como fazer o fio passar de um prédio para o outro? Como pendurar as cordas de segurança? É interessante observar as brigas entre Petit, que tem a cabeça de um sonhador, e os membros de sua equipe, que trazem questões mais pragmáticas.
Ao mesmo tempo, numa narrativa paralela, o diretor James Marsh mostrava a construção do World Trade Center. “O Equilibrista” serve também para espiar o sonho americano de construir as maiores torres do mundo.
“É uma história engraçada e brilhante sobre as Torres Gêmeas quando elas nasceram. Quando Phillippe decidiu fazer a travessia entre as Torres, senti que era uma história sobre o que conseguimos fazer quando sonhamos profundamente”, disse o diretor.
As imagens do equilibrista caminhando entre as torres são, realmente, deslumbrantes. E ganham um significado maior no contexto do filme, em que somos embalados pelo sonho de Petit e pela complexidade mirabolante de seu plano infalível.
Ao descer do World Trade Center, depois de proporcionar aquele momento único de poesia, Petit é cercado pelos repórteres, que repetem a mesma pergunta. “Por quê?” É nesse único momento que Petit se desequilibra.
Faixas extras
Phillipe Petit se equilibra na Harbour Bridge
Entrevista com Petit e o diretor James Marsh
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