"Eu pensei que fosse um trote", afirmou o escritor Abdulrazak Gurnah em entrevista ao diretor científico da Academia Sueca, Adam Smith, nesta quinta. Na breve conversa divulgada no site da institituição, o autor contou como foi surpreendido ao receber, mais cedo, uma ligação de Mats Malm, secretário permanente da Academia, pela qual soube que ele havia vencido o prêmio Nobel de Literatura.
"Malm me ligou há dez ou 15 minutos. Eu realmente não acreditei, porque esse tipo de coisa é normalmente ventilada com semanas, às vezes meses de antecedência, a respeito de quais serão os candidatos... Então não era algo que estava na minha mente. Eu estava pensado 'quem vai ganhar agora?'", disse Gurnah.
Em seguida, o autor comentou os temas que conectam questões contemporâneas a aspectos trabalhados em seus livros, como a separação entre culturas e imigração, uma vez que ele próprio é tanzaniano, vive no Reino Unido e é considerado expoente da literatura pós-colonial. Em relação à crise de refugiados, a razão pela qual o problema é tão complexo para a Europa seria, em suas palavras , "uma espécie de mesquinhez" do continente que o impede de acolher mais pessoas.
"Elas não chegam de mãos abanando. Muitas delas são pessoas talentosas, cheias de energia, que têm algo a oferecer. Você não as pode tachar apenas de vítimas da pobreza, mas deve prover auxílio para quem necessita. São pessoas que têm algo com o qual contribuir", ele disse, enquanto ainda acompanhava de sua casa a premiação.
Enquanto dava o depoimento a Smith, o autor ainda foi enterrompido pela ligação de outro jornalista, dessa vez da BCC, a quem pediu licenças. "Imagino que você tenha visto a notícia, é isso? Estou com a Academia Sueca aqui, ligo em cinco minutos para você, bye bye."
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