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Cinema

'Venom - Tempo de Carnificina' triunfa ao não se levar tão a sério

Vilão de Woody Harrelson fica na mesma sintonia de maldade e melancolia dos Coringas de Joaquin Phoenix e Heath Ledger

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Venom - Tempo de Carnificina

  • Quando Estreia nesta quinta (7)
  • Onde Nos cinemas
  • Elenco Tom Hardy, Woody Harrelson, Michelle Williams
  • Produção EUA, 2021
  • Direção Andy Serkis

Depois de se tornar a melhor bilheteria de estreia nos cinemas americanos durante a pandemia, arrecadando US$ 90 milhões em um fim de semana, chega ao Brasil a segunda aventura de Venom, vilão transformado em herói do time dos personagens não tão famosos da Marvel.

“Venom – Tempo de Carnificina” é muito melhor do que o filme original, de 2018. É mais engraçado e mais dinâmico. E tem um elenco de atores carismáticos muito raro de se ver em filmes baseados em histórias em quadrinhos.

Para eleger o maior trunfo do longa, é fácil perceber que ninguém envolvido na produção levou a sério os personagens e o enredo. A comédia já fazia parte da receita do primeiro filme, mas desta vez a intenção de provocar risos passa como um trator por cima do caráter heroico do alienígena Venom e do repórter Eddie Brock, a dupla que habita o mesmo corpo.

O ator Tom Hardy, além de repetir o papel de Brock, é também um dos produtores do filme e dividiu o roteiro com Kelly Marcel. Os dois acertam o tom ao transformar o relacionamento entre Brock e Venom em uma verdadeira DR de casal. O simbionte alienígena fala o tempo todo com seu hospedeiro humano, tornando o dia a dia de Brock um inferno.

Suas discussões não se restringem à constante vontade de Venom assumir o controle do corpo e sair por aí comendo cabeças de pessoas. Eles discutem sobre tudo, em conversas que remetem a um casal bem barraqueiro, já que muitas vezes acabam atirando coisas um no outro e quebrando o apartamento de Brock. Como um joga coisas no outro se habitam o mesmo corpo? Quem assistir vai descobrir.

Falando em luta corpo a corpo, os combates de Venom com o vilão da vez, o Carnificina, são meio difíceis de acompanhar em detalhes. Carnificina é igual a Venom, apenas um pouco maior e vermelhão. Como assumem formas variadas, esticando seus corpos, criando membros pontiagudos e se deformando quando a briga exige, as lutas são um espetáculo visual delirante. Não é fácil descobrir quem está levando a melhor na pancadaria.

De certo modo, Carnificina é um “filho” de Venom. Brock tem encontros com um assassino psicopata que espera sua vez no corredor da morte. Cletus Kasady, o homem que matou a mãe, a avó e quem mais apareceu na sua frente, só aceita contar suas memórias a Brock. Sua relação lembra a dos personagens de Jodie Foster e Anthony Hopkins em “O Silêncio dos Inocentes”.

O criminoso se atraca com Brock e morde sua mão. A ingestão do sangue que o repórter compartilha em seu corpo com Venom acaba criando o novo inimigo, que vai escapar de sua execução para uma caçada de gato e rato entre as duplas de alienígenas-hóspedes e humanos-hospedeiros.

Quem dirige é Andy Serkis, ator conhecido por ser aquele que trabalha na captação de movimentos para personagens digitais, como o César de “Planeta dos Macacos” e o Gollum de “O Senhor dos Anéis”. É seu quinto filme atrás das câmeras, depois do elogiado “Mogli” para a Netflix. Serkis dá um bom ritmo a “Venom: Tempo de Carnificina” e conta com um ótimo trio de intérpretes.

Depois de ter sido o vilão Bane na trilogia “Batman” de Christopher Nolan e também o mais recente protagonista da franquia “Mad Max”, Tom Hardy criou nos dois filmes um bom Eddie Brock. Tem o jeitão casca-grossa que só traz confusão à vida do repórter. Seu tempo para comédia é muito bom e ele transmite bem a enervante presença de Venom em seu corpo.

Acostumado a roubar a cena em vários filmes com personagens debochados ou esquisitões, Woody Harrelson é um sociopata violento e engraçado como Cletus Kasady. Muitos atores num papel como esse poderiam cair na armadilha do exagero e perder o ponto certo na interpretação. Harrelson consegue aqui um vilão na mesma sintonia de maldade e melancolia dos Coringas de Joaquin Phoenix e Heath Ledger.

Quem ganhou mais espaço foi Michelle Williams, de novo no papel de Anne Weying, grande paixão de Brock que o trocou por um médico janota. Seu personagem vai até participar mais da ação na trama e tem ótimos diálogos divertidos. Ela passou a ser uma grande amiga de Venom, sempre pedindo ao monstruoso alien que tome conta do intempestivo repórter. Ter uma atriz de recursos, premiada várias vezes na carreira, dá uma outra dimensão à personagem.

Com humor em ritmo tão intenso quanto seus grandiosos duelos entre as versões boa e má de um alien praticamente invencível, “Venom – Tempo de Carnificina” é mais uma boa franquia que corre por fora do Universo Cinematográfico Marvel.

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