Descrição de chapéu
Escuta Aqui

Podcast 'Para Dar Nome às Coisas' reflete sobre o autoconhecimento

Programa se propõe a ser uma mesa de bar na web, mas falha em trazer ambiente descontraído com clima introspectivo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Para Dar Nome às Coisas

Com episódios semanais, o podcast "Para Dar Nome às Coisas" navega por sentimentos conflituosos e descobertas da vida adulta. Apresentado pela jornalista e escritora Natália Sousa, o espaço se define como "uma mesa de bar na web", daquelas em que você se senta e percebe que não está sozinho.

No entanto, a música, os diálogos, as risadas e os comentários de amigos que são comuns aos bares não têm espaço nas narrativas da jornalista —o que acaba aproximando mais os episódios daquelas longas conversas com uma única amiga, que poderiam se desenrolar acompanhadas de um café.

Gabriel Cabral/Folhapress

As boas-vindas ao ouvinte são dadas junto a um fundo quase silencioso, no qual se ouve apenas o som característico de uma máquina de escrever. Sousa conduz o podcast sozinha e caminha pelos temas de forma introspectiva, mantendo o tom de voz uniforme na maior parte de suas histórias.

O primeiro episódio de "Para Dar Nome às Coisas" foi lançado em agosto de 2019 —portanto, antes da pandemia. Mas a linguagem da autora, que põe diálogos internos em lugar de destaque, conversa bem com os momentos de reflexão trazidos pelo isolamento social.

Ela trabalha com o sensível, falando sobre temas como autossabotagem, medo do fracasso, luto, a descoberta da sua bissexualidade e tempo. A escritora também questiona o significado de abrir a intimidade para seus ouvintes. "Tem muita gente que eu nunca vi e que está me vendo de alma nua", diz, no episódio que foi ao ar em janeiro de 2020.

A cada episódio a jornalista faz um comentário inicial, que traz um pouco do processo de escolha do tema, seja um detalhe técnico, como o desenvolvimento do roteiro, ou uma lembrança carinhosa sobre o assunto. Pode ser um diálogo com a mãe ou até a volta de um hábito antigo à rotina. "Para que a gente se lembre que a vida não precisa ficar dentro de um molde, de uma forma. Para a gente sair do automático." Esse, por exemplo, é o começo do episódio número 84, sobre aceitação e transformação de processos.

O convite que Sousa faz ao público é o de se sentar à mesa da web e fazer o exercício de "olhar para a sua própria história e assumir que o seu processo é único, e que o tempo dele também é", como diz na descrição do episódio 82, sobre a descoberta de sua bissexualidade. Durante a narração, a escritora cita a interação com os ouvintes que, segundo ela, sempre se sentam à mesa de seu bar virtual. Porém, essas vozes não aparecem diretamente.

Quem procura um espaço de troca que traga histórias e pontos de vista variados, como num bar, pode se decepcionar ao ouvir o podcast. "Para Dar Nome às Coisas" é muito mais um lugar de introspecção e solitude em que, ao acompanhar as experiências de Sousa, o ouvinte pode se identificar e refletir sobre as próprias.

O caminho de Sousa com autoconhecimento e ressignificação é anterior ao podcast. No livro "Sua Vida em Mim", publicado há cinco anos, a autora conta o processo de luto e recomeço que precisou enfrentar após a morte de seu noivo, em 2015.

"Para Dar Nome às Coisas" está em sua terceira temporada e é produzido com apoio da Rede Amparo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.