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Animação do Bob Cuspe, personagem de Angeli, concorre a vaga no Oscar

Longa dirigido por Cesar Cabral integra lista de 26 longas que disputam as cinco indicações na categoria

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São Paulo

"Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente" está entre os 26 longas animados elegíveis para o Oscar na categoria. A lista divulgada nesta segunda pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas inclui, além do filme dirigido por Cesar Cabral a partir da clássica personagem do cartunista Angeli, grandes produções como "Encanto" e "Ron Bugado", da Disney, "Luca", da Pixar, "A Jornada de Vivo" e "Raya e o Último Dragão".

Para determinar quais serão os cinco indicados, é feita uma votação com membros da Academia ligados ao ramo da animação e, opcionalmente, por outros membros da instituição. Segundo o site do Oscar, filmes inscritos na categoria longa-metragem de animação também se qualificam para o prêmio em outras categorias, incluindo a de melhor filme.

"Não sei. Tem que responder isso agora?", declara Angeli, que criou o punk verde nas páginas da "Chiclete com Banana" ainda nos anos 1980. Recluso, o cartunista falou com a reportagem por meio de sua mulher, Carolina de Carvalho.

Ela descreve o momento em que ele soube da notícia. "Ele abriu um sorriso, ficou feliz e, na sequência, soltou um 'tá, mas eu não preciso ir, né?'", conta. "Você iria?", perguntou ele à mulher, que dava pulos de alegria com a notícia. "Ah, que bom", respondeu, frente à afirmativa.

Por fim, depois de muita insistência, o cartunista deu uma resposta à altura da sua criação. "O underground paulistano, o punk e a cultura brasileira merecem todas as reverências."

O filme foi premiado nos festivais de Annecy e Ottawa —entre os mais importantes do setor— e também recebeu convites para os prêmios Annie, uma espécie de Oscar do gênero.

Mas Cabral, diretor da animação em stop-motion, não esperava uma indicação ao Oscar de verdade. "Foi uma surpresa e tanto", conta. "É muito difícil de imaginar. A gente fez um filme sobre um universo nosso, que é um resgate da obra do Angeli, um dos grandes artistas brasileiros, e a gente não sabia como o filme ia se sair lá fora."

Em "Bob Cuspe", o próprio Angeli aparece tendo uma crise criativa, enquanto sua criatura surge velha e abandonada em um cenário pós-apocalíptico —a própria mente do cartunista. O filme está em cartaz nos cinemas.

Foram cinco anos de produção e um orçamento estimado de US$ 1 milhão —valor pequeno em relação ao orçamento das grandes produções americanas que também concorrem ao Oscar.

"E é um filme totalmente independente e adulto", complementa Cabral, sobre o longa que agora está sendo lançado nos Estados Unidos e no Canadá. Ele destaca ainda que uma indicação como essa é importante para mostrar a força da animação brasileira.

O cineasta que já havia trabalhado com outra personagem de Angeli em 2008, no curta "Dossiê Rê Bordosa", sobre o assassinato da célebre boêmia.

"O importante agora é fazer lançamentos e levar as pessoas para as salas", conclui ele, agora com o filme em campanha e já disponível no streaming do Oscar para que os votantes escolham o seu favorito na categoria. Os indicados para todas as categorias do Oscar serão revelados no dia 8 de fevereiro.

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