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Coleção Folha resgata obra de Mary Wollstonecraft, pioneira do feminismo

'Reivindicação dos Direitos das Mulheres' foi escrito no contexto da Revolução Francesa e questiona desigualdade de gêneros

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São Paulo

Enquanto a Europa era sacudida pela Revolução Francesa, uma inglesa lutava para que os ideais iluministas de igualdade se estendessem também às mulheres. O volume dez da Coleção Folha Os Pensadores traz um livro fundamental para a história do feminismo, "Reivindicação dos Direitos das Mulheres: O Primeiro Grito Feminista", de Mary Wollstonecraft, traduzido por Andreia Reis do Carmo.

Escritora e filósofa que viveu de 1759 a 1797, Wollstonecraft não chegou a conviver com o ilustre rebento de sua união com o pensador anarquista William Godwin –ela morreu só 11 dias depois de dar à luz Mary Shelley, que se celebrizaria como autora de "Frankenstein".

A escritora Mary Shelley em retrato pintado por Richard Rothwell por volta de 1840 - Reprodução

Proveniente de uma família cuja fortuna foi dissipada pelo pai, especulador e alcoólatra, Wollstonecraft chegou a dormir do lado de fora do quarto da mãe para a proteger de violência doméstica e trabalhou como dama de companhia para ganhar a vida.

Em 1787, em "Pensamentos sobre a Educação das Filhas", ela já afirmava que "desafortunada é a situação das fêmeas, educadas de acordo com a moda, mas deixadas sem fortuna alguma". Posteriormente, rebatendo as críticas de Edmund Burke aos eventos do outro lado do canal da Mancha, em "Reflexões sobre a Revolução na França", escreveu "Reivindicação dos Diretos dos Homens", em 1790. Seu interesse pelo que acontecia no outro país era tão grande que ela chegou a viver por um tempo em solo francês, durante o agitado período de embate entre girondinos e jacobinos.

Em Paris, a Bastilha caíra em 1789, e "Reivindicação dos Diretos das Mulheres" se insere nos debates suscitados pela Revolução Francesa. O livro foi escrito como resposta ao ex-bispo de Autrun, Charles Maurice de Talleyrand-Périgord, príncipe de Benevento. Mais especificamente, ao "Relatório sobre a Educação Pública, Feito em Nome do Comitê de Constituição à Assembleia Nacional", de 1791.

O texto apresenta as ideias de Talleyrand a respeito da educação e de como a Revolução Francesa deveria caminhar nesse aspecto específico. O príncipe defende a educação pública para ambos os sexos e todas as idades, garantindo a liberdade e igualdade entre todos. Segundo Wollstonecraft, contudo, a visão de Talleyrand se alinha com a de Rousseau em seu livro "Emílio", de 1762, em que a educação da mulher deve se orientar a um papel de subserviência.

"Considere, me dirijo a sua função de legislador, se, quando os homens lutam por sua liberdade e são permitidos a julgar por si mesmos a respeito de sua própria felicidade, não seria inconsistente e injusto subjugar as mulheres, mesmo que o senhor firmemente acredite que esteja agindo da maneira bem calculada para promover a felicidade dos mesmos?", ela indaga a Talleyrand, na abertura do livro. "Quem fez o homem o juiz exclusivo, se a mulher compartilha com ele a dádiva da razão?"

No terceiro capítulo, "Discussão da Opinião Geral sobre o Caráter Sexual", ela questiona "se as mulheres não são uma multidão efêmera de pessoas levianas, por que elas devem ser mantidas na ignorância sob o ilusório nome da inocência?". E adiante complementa, indignada, "como eles nos insultam grotescamente quando nos aconselham a apenas sermos dóceis, brutos domésticos!".


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