Descrição de chapéu Cinema

Veja a lista dos 30 melhores filmes de 2021, segundo jornalistas da Folha

Sugestões incluem longas que passaram nos cinemas, em mostras ou foram direto para o streaming

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Se o ano de 2021 fosse um filme, seria uma dessas continuações pasteurizadas, ou mesmo um remake feito antes da hora, do que foi o ano de 2020. A pandemia, é claro, ainda assolou a humanidade e, por mais tenha havido alguns respiros ao longo dos últimos meses, o calendário de lançamentos cinematográficos continuou sofrendo diante da incerteza da reabertura.

Como resultado, o lançamento de filmes diretamente no streaming veio para ficar, ainda que alguns distribuidores tenham lutado para emplacar seus títulos na telona. Outro efeito da incerteza foi o atraso no lançamento de algumas dessas obras, muitas rodadas antes da pandemia.

Entre filmes que foram exibidos em mostras de cinema, que foram parar direto no vídeo sob demanda ou que chegaram a entrar em cartaz neste ano, os jornalistas da Folha escolheram 30 títulos que de alguma forma contemplam o melhor do que foi lançado em 2021.

Houve um esforço de concertação para que o mesmo filme não aparecesse em listas diferentes, ampliando assim o leque de dicas.

A lista compreende filmes de ficção e documentários, obras nacionais e estrangeiras, longas de diretores estreantes ou consagrados, abarcando obras mais comerciais ou menos comerciais e incluindo gêneros que vão da animação ao drama com cara de Oscar.

Veja abaixo todas as indicações, em ordem alfabética.

BRUNO GHETTI
CRÍTICO DE CINEMA

Caros Camaradas – Trabalhadores em Luta
Rússia, 2020. Dir.: Andrei Konchalovski. Com Yuliya Vysotskaya, Vladislav Komarov e Andrey Gusev. Disponível no Telecine Play. 14 anos

A perda de ilusões políticas a partir de um trauma pessoal –que, no entanto, não elimina de todo o idealismo da protagonista. É um filme sobre decepção, mas também sobre paixão política, sobre o desejo de acreditar que, apesar do que a realidade sugere, ainda resta a utopia –ou esta não passa de autoilusão? A luta, de qualquer forma, ainda hoje continua.

A Chorona
Guatemala, 2019. Dir.: Jayro Bustamante. Com María Mercedes Coroy, Sabrina De La Hoz e Margarita Kenéfic. Disponível para aluguel na Apple TV+, Looke, Google e Now. 14 anos

É muito bom ver que um país como a Guatemala, sem maior tradição cinematográfica, tenha revelado um talento como Jayro Bustamante. É um filme estranho, irregular, mas que possui a capacidade de amalgamar terror e política de uma maneira peculiarmente soturna e contundente.

Sweat
Polônia, Suécia, 2020. Dir.: Magnus von Horn. Com Magdalena Kolesnik, Julian Swiezewski e Aleksandra Konieczna. Disponível no Mubi. 14 anos

Curioso estudo sobre o culto aos influencers digitais. A protagonista já não sabe mais até que ponto se está de fato sofrendo ou fingindo para os seguidores que está sofrendo; as coisas se confundem, e a performance para os fãs passa a ser a vida propriamente dita.

Undine
Alemanha, França, 2020. Dir.: Christian Petzold. Com Paula Beer, Franz Rogowski e Maryam Zaree

O longa é impregnado de energia passional e obsessiva, que se revela em algumas cenas visualmente impressionantes. A mais adoravelmente camp delas mostra um aquário estilhaçado, jorrando água (e peixes) sobre os corpos dos dois protagonistas, irremediavelmente unidos a partir de então.

A Vida Solitária de Antonio Ligabue
Itália, 2020. Dir.: Giorgio Diritti. Com Elio Germano, Oliver Ewy e Leonardo Carrozzo. Disponível no Now. Classificação indicativa não informada

Elio Germano, talvez o maior ator em atividade, vive um artista incompreendido, que tenta a todo custo se aburguesar –não pra usufruir dos luxos de uma vida burguesa, mas para ser visto como "normal", apenas. Um filme que, infelizmente, não foi recebido com a devida atenção (a presença de Germano é tão enorme que ofusca o todo).

GUILHERME GENESTRETI
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA

Diários de Otsoga
Portugal, 2021. Dir.: Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes. Com Carloto Cotta, Crista Alfaiate e João Nunes Monteiro. Sem previsão de estreia

Quando a pandemia acabar, muito pouco feito em função dela vai ficar para a prosperidade. Não é o caso da empreitada de um diretor como Miguel Gomes, que aqui se une a Maureen Fazendeiro num registro ora lírico ora angustiante sobre o confinamento de um grupo de atores e realizadores. Atenção para a cronologia no filme —afinal, quem também não perdeu a noção dos dias nesse biênio?

Ema
Chile, 2019. Dir.: Pablo Larraín. Com Mariana Di Girólamo, Gael García Bernal e Paola Giannini. Para aluguel no Apple TV+ e no YouTube. 16 anos

Embora tenha circulado por festivais dois anos atrás, o longa só estreou no Brasil em janeiro. Pablo Larraín vai às ruas da chilena Valparaíso narrar esse sinistro suspense erótico que roda por múltiplas camadas —a devolução de um filho adotivo, a crise de um casal e a perversidade flamejante de uma dançarina.

Judas e o Messias Negro
EUA, 2021. Dir;: Shaka King. Com Daniel Kaluuya, LaKeith Stanfield e Jesse Plemons. Disponpível na HBO Max. 16 anos

À parte a interpretação hipnótica de Daniel Kaluyuya, que valeu a ele um merecido Oscar, o filme baseado no assassinato do ativista negro Fred Hampton ganha temperatura especial na esteira do Black Lives Matter, sem jamais aderir ao maniqueísmo e acertando ao preferir investir nas nuances do traidor Bill O'Neall, interpretado por LaKeith Stanfield.

A Mão de Deus
Itália, 2021. Dir.: Paolo Sorrentino. Com Filippo Scotti, Toni Servillo e Teresa Saponangelo. Na Netflix. 14 anos

Um dos maiores diretores italianos contemporâneos, Paolo Sorrentino investe aqui numa obra com toques autobiográficos sobre a formação de um adolescente na Nápoles dos anos 1980, fissurada por Maradona e entusiasta de cinema. O resultado é felliniano, mas não no sentido da extravagância, senão da mesma nostalgia lírica que há em "Amarcord".

The Velvet Underground
EUA, 2021. Dir.: Todd Haynes. Disponível no Apple TV+. 16 anos

Todd Haynes voltou às raízes roqueiras para mostrar a genialidade de uma das bandas mais vanguardistas da história, criada sob o manto de Andy Warhol. Para ilustrar a junção do som pioneiro de John Cale e das letras sujas de Lou Reed, o diretor faz um aceno ao melhor do cinema experimental, de Jonas Mekas e afins

HENRIQUE ARTUNI
REPÓRTER DA ILUSTRADA

Capitu e o Capítulo
Brasil, 2021. Dir.: Julio Bressane. Com Mariana Ximenes, Vladimir Brichta, Enrique Diaz. Nos cinemas em fevereiro de 2022

Aos 75 anos, Julio Bressane segue produzindo com a originalidade de moço. E nessa terceira adaptação que faz da obra de Machado de Assis, leva o "Dom Casmurro" e toda a sua essência para a escrita cinematográfica. A Capitu de Mariana Ximenes, em interpretação monumental, só fica atrás de Alessandra Negrini entre as musas recentes do cineasta.

Evangelion: 3.0+1.0.1: A Esperança
Japão, 2021. Dir.: Hideaki Anno, Mahiro Maeda, Katsuichi Nakayama, Kazuya Tsurumaki. Com Megumi Hayashibara, Megumi Ogata, Yûko Miyamura. 16 anos. Disponível no Amazon Prime Video

O encerramento brilhante da tetralogia de filmes da série mostra que robôs gigantes e filosofia podem coexistir se tivermos fé no poder libertador da ficção. Subvertendo as expectativas dos próprios fãs, o criador, Hideaki Anno, faz uma trama macarrônica que, no fim, só deseja que olhemos para a vida.

A Mulher que Fugiu
Coreia do Sul, 2020. Dir.: Hong Sang-Soo. Com Kim Min-hee, Seo Young-hwa, Song Seon-mi. Estreia em circuito comercial em 2022

O prolífico Hong Sang-Soo —seguindo a tradição de Rohmer e Ozu— tem um dos cinemas mais originais da atualidade, e esse trabalho é um dos pontos altos da sua série de filmes protagonizados por Kim Min-hee. Elegante e seguindo um divertido jogo de espelhos, acompanhamos os diversos encontros da personagem à mesa, seja com café ou vinho branco, amigos, afetos e desafetos. Mas quem rouba a cena mesmo é o gato.

Roda do Destino
Japão, 2021. Dir.: Ryusuke Hamaguchi. Com Kotone Furukawa, Kiyohiko Shibukawa, Katsuki Mori. Estreia em 6 de janeiro nos cinemas

Ryusuke Hamaguci, qual Hong Sang-Soo, é outra potência do cinema da palavra. Nesse filme que reúne três contos curtos movidos pelo acaso e pela imaginação, somos seduzidos pelo erotismo que brota de um texto bem dito. Sem medo de soar inverossímil, somos confrontados com pequenas tragédias do cotidiano que nos fazem refletir sobre o próprio papel que interpretamos na vida dos outros.

Sr. Bachmann e Seus Alunos
Alemanha, 2021. Dir.: Maria Speth

É difícil fazer pedagogia sem didatismo excessivo, mas esse documentário sobre um professor atípico e seus alunos faz isso com primor. Ao retratar uma escola alemã com muitas crianças imigrantes, qual um microcosmo da Europa atual, vemos um complexo tecido de diferenças culturais e, sobretudo, como a educação pode erguer ou soterrar uma nação.

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Azor
Argentina, 2021. Dir.: Andreas Fontana. Com Fabrizio Rongione, Stéphanie Cléau e Carmen Iriondo. Nos cinemas. 12 anos

Olhar de maneira indireta não raro é a melhor maneira de olhar. Em "Azor", um banqueiro suíço visita a Argentina dos Videla e companhia. O mundo do horror não está nesses salões, obviamente. E, no entanto, está —nas entrefrases, nas coisas não ditas, nos silêncios, nos olhares, em toda parte a ditadura entrou. Andreas Fontana, cineasta meio argentino e meio suíço, consegue dar conta do horror reinterpretando a frase de Julio Bressane –o horror não está no horror.

Dora e Gabriel
Brasil, 2020. Dir.: Ugo Giorgetti. Com Ari França e Natalia Gonsales. Disponível no Apple TV+. 14 anos

Com dois atores e um porta-malas, Ugo Giorgetti conseguiu fazer o filme mais audacioso do ano e talvez o que melhor fala do Brasil. Quando um homem e uma mulher, desconhecidos entre si, são sequestrados, pode parecer até um caso bem pessoal. Mas, enquanto vemos o filme, impossível não pensar –quem está num porta-malas fechado, sendo levado para um lugar desconhecido, por gente desconhecida? Certamente perderam o controle sobre o seu destino. Lembra certo país, não?

O Empregado e o Patrão
Uruguai e outros, 2021. Dir.: Manolo Nieto. Com Nahuel Pérez Biscayart, Cristian Borges e Justina Bustos. Disponível para compra ou aluguel no YouTube. 14 anos

A maneira como entendemos o mundo mudou muito nos últimos 30 anos. No século 20, os empregados ficavam de um lado, os patrões de outro. Hoje, o empregado fica agradecido ao patrão por ser patrão, por dar a ele emprego etc. Essa transformação é que interessa a Manolo Nieto, autor deste filme, que trabalha o universo rural. Assim como "Azor", mas de modo bem diferente, parece nos dizer que o mundo de entendimento do pós-ditadura argentina acabou.

First Cow
EUA, 2019. Dir.: Kelly Reichardt. Com John Magaro e Orion Lee. Disponível na Mubi. 12 anos

A descoberta do ano, para mim, foi Kelly Reichardt. Pois, quando pensamos que não existe mais nada a dizer sobre a conquista do oeste pelos brancos, eis que irrompem um cozinheiro e um chinês que, com imaginação, desafiam o poder do local onde estão. As personagens são originais, as locações também, a figuração se comporta como se o oeste fosse algo em que nunca pusemos os pés. Vale lembrar "Vingança e Castigo", que é o antípoda disso tudo. Se "First Cow" é vanguarda, em "Vingança" o filme popular renasce com cara de Netflix.

Titane
França, 2021. Dir.: Julia Ducournau. Com Agathe Rousselle, Vincent Lindon e Garance Marillier. Estreia no Mubi em janeiro de 2022

O filme que ganhou Cannes tem uma influência enorme de David Cronenberg. Confessa, no mais. Não será de se estranhar que estamos diante de mutantes. Aí começa a originalidade do trabalho de Julia Ducournau –em seu universo de horror ela parece nos lembrar que o humano de amanhã (ou hoje?) terá de ser titânico se quiser sobreviver. Emanação de uma Europa que se transforma, perde suas sobrevalorizadas origens, se mistura a árabes e negros, "Titane" se junta a outros filmes mais que interessantes que abordaram a Europa mutante –"Chaos" e "Edifício Gagarine".

LEONARDO SANCHEZ
REPÓRTER DA ILUSTRADA

Amor, Sublime Amor
EUA, 2021. Dir.: Steven Spielberg. Com: Ansel Elgort, Rachel Zegler, Ariana DeBose. Nos cinemas. 14 anos

É estranho escolher uma história dos anos 1950, anteriormente adaptada para as telas nos 1960, como um dos grandes filmes de 2021. Por mais que tenha causado ceticismo quando anunciou que readaptaria "Amor, Sublime Amor", no entanto, Steven Spielberg acabou provando que tinha o que acrescentar à trama. Primeiro musical do cineasta, o longa recupera o brilho do gênero e mostra por que Steven Spielberg é um dos melhores de sua geração.

Annette
França e outros, 2021. Dir.: Leos Carax. Com Adam Driver, Marion Cotillard e Simon Helberg. Disponível no Mubi. 16 anos

Outro musical, dessa vez vindo da França, também abrilhantou o gênero —mesmo com alguns outros títulos tentando acabar com a sua moral ao longo do ano. Enquanto Spielberg conecta passado e presente, Leos Carax dirige uma trama totalmente sobre o tempo de hoje, embalada por boas canções e um elenco magnético.

Deserto Particular
Brasil, 2021. Dir.: Aly Muritiba. Com Antonio Saboia, Pedro Fasanaro e Luthero Almeida. Nos cinemas. 14 anos

Não é por ter sido a escolha do Brasil para o Oscar que o filme de Aly Muritiba se destacou neste ano que se encerra. É por fazer um retrato realista, ao mesmo tempo violento e delicado, de um país cheio de ambiguidades. Não há uma grande trama por trás do longa, mas a simplicidade, quando filmada com carinho, rende boas surpresas.

Great Freedom
Áustria, Alemanha, 2021. Dir.: Sebastian Meise. Com Franz Rogowski, Georg Friedrich e Anton von Lucke. Estreia no Mubi em 2022. Sem classificação indicativa

Premiado em Cannes e destaque na Mostra de Cinema de São Paulo, o longa alemão só vai chegar ao grande público no ano que vem. "Great Freedom" parte de uma premissa interessante, ao contrapor a perseguição aos homossexuais durante o regime nazista com aquela do pós-Guerra, praticamente igual, apesar de tantas mudanças na sociedade. E não faz isso com didatismo ou gritaria, mas de uma forma intimista, com personagens que cativam o público sem precisarem ser grande coisa.

Sem Tempo para Morrer
Reino Unido, 2021. Dir.: Cary Joji Fukunaga. Com Daniel Craig, Rami Malek e Léa Seydoux. Disponível para compra e aluguel na Microsoft Store, no Google Play e no Apple TV. 14 anos

Listas de melhores do ano são difíceis —afinal, qual é o critério a ser seguido? "Sem Tempo para Morrer", no entanto, cumpre vários dos requisitos para aparecer num compilado do tipo. Primeiro, foi símbolo da crise que a pandemia impôs sobre o cinema e, depois, da retomada do setor. Segundo, marcou o fim de uma era prolífica para um dos personagens mais icônicos do cinema, James Bond. Terceiro e não menos importante, é um filmaço, daqueles para serem vistos na telona e de causar inveja em outros blockbusters.

TETÉ RIBEIRO
REPÓRTER ESPECIAL

Ataque dos Cães
Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, EUA, 2021. Direção: Jane Campion. Com Benedict Cumberbatch, Kirsten Dunst, Jesse Plemons e Kodi Smit-McPhee. Na Netflix

Se tem a assinatura da neozelandesa Jane Campion, pode ver que é bom. Ganhadora do Oscar de roteiro em 1994 por "O Piano", foi também indicada ao Emmy pela série "Top of the Lake", com Elisabeth Moss, em 2013. Agora, ela apresenta um dos filmes mais fortes e ao mesmo tempo sutis do ano, com o ator britânico Benedict Cumberbatch no papel de um fazendeiro cruel e brilhante que inferniza a vida de todos ao seu redor. Até que seu irmão mais novo se casa com uma viúva com um filho adolescente que não se encaixa no modelo masculino da época e do lugar —o estado de Montana, no norte dos Estados Unidos, nos anos 1920. E Phil, o fazendeiro bully, decide baixar a guarda e se aproximar do menino.

Bela Vingança
​Reino Unido, 2020. Direção: Emerald Fennell. Com Carey Mulligan, Alison Brie, Bo Burnham, Jennifer Coolidge, Laverne Cox e Adam Brody. No Telecine

Este filme é de 2020, mas só foi lançado nos cinemas do Brasil em maio deste ano, depois de ter vencido o Oscar de roteiro original no mês anterior. Escrito e dirigido pela britânica Emerald Fennell, intérprete de Camilla Parker Bowles na série "The Crown", "Bela Vingança" apresentou uma fantasia de retaliação contra predadores sexuais totalmente inovadora e que foi ao encontro ao zeitgeist, marcado pela cultura do cancelamento e do fortalecimento do desejo de uma revanche feminista.

A Crônica Francesa
EUA, Alemanha, 2021. Direção: Wes Anderson. Com Tilda Swinton, Benicio Del Toro, Adrien Brody, Léa Seydoux, Timothée Chalamet, Frances McDormand, Jeffrey Wright, Mathieu Amalric, Owen Wilson e Bill Murray. Nos cinemas

Explicar o roteiro deste filme é quase um desserviço a ele. Em um resumo muito básico, retrata a Redação de uma revista americana feita numa cidade fictícia da França chamada Ennui-sur-Blasé, cujo editor-chefe, papel de Bill Murray, morre e deixa como último desejo que a publicação circule mais uma vez e depois deixe de existir. As quatro melhores reportagens dessa edição são encenadas pelo elenco maravilhoso que Wes Anderson reuniu e é um dos produtos culturais mais divertidos do ano, senão o mais.

A Filha Perdida
EUA, Grécia, 2021. Direção: Maggie Gyllenhaal. Com Olivia Colman, Dakota Johnson, Jessie Buckley, Ed Harris e Peter Sarsgaard. Estreia na Netflix dia 31 de dezembro

Brilhante estreia na direção da atriz Maggie Gyllenhaal, de "Secretária", de 2002, e "A Professora do Jardim de Infância", de 2018, este é um filme feminino, feminista, de mulher. Do tipo que não se vê toda hora por aí. Que trata temas como feminilidade (o que quer que seja isso), romance, maternidade e todas as culpas e todos os horrores que permeiam esses tópicos de maneira profunda e surpreendente, por meio de uma trama simples e bem contada. Baseado em um livro de mesmo nome da autora italiana que assina com o pseudônimo Elena Ferrante, lançado em 2006.

The Many Saints of Newark
EUA, 2021. Direção: David Chase. Com Alessandro Nivola, Vera Farmiga, Corey Stoll, Ray Liotta, Michela De Rossi e Michael Gandolfini. HBO Max

O canal de streaming premium HBO Max estreou este ano no Brasil apostando alto na nostalgia. O primeiro produto divulgado por aqui foi o reencontro do elenco de "Friends", emocionante, mas sem novidade nenhuma. A série "And Just Like That...", que entrou no ar no início de dezembro, é uma continuação de "Sex and the City", menos uma personagem. "The Many Saints of Newark" tem uma proposta bem mais ousada dentro desse universo nostálgico. O filme se passa 30 anos antes dos acontecimentos de "Família Soprano", quando Tony Soprano, o chefão da máfia de Nova Jersey que protagonizava a série original, ainda era um adolescente mais interessado em esportes que nos negócios da família. Ele não é nem o protagonista deste longa-metragem. Quem ocupa esse lugar é Dickie Moltisanti, papel de Alessandro Nivola, que já tinha morrido quando a série estreou, em 1999.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.