Descrição de chapéu The New York Times

Museu de Nova York devolve relíquias religiosas contrabandeadas do Nepal

Após ação de campanha, pesquisadores constataram que duas peças de madeira talhada tinham sido roubadas

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Zachary Small
Nova York

O Museu de Arte Rubin, em Nova York, anunciou na última segunda-feira (10) que vai devolver ao Nepal duas esculturas, depois que pesquisadores que trabalham para o museu concluíram que os artefatos, esculpidos em madeira, tinham sido roubados por contrabandistas de sítios religiosos.

"Estamos profundamente gratos", disse o cônsul-geral do Nepal em Nova York, Bishnu Prasad Gautam, em um comunicado. "A resposta proativa e colaboração consciente do Rubin contribuíram positivamente para os esforços nacionais do Nepal para recuperar artefatos perdidos."

O museu deu crédito à instituição sem fins lucrativos Campanha para Recuperação do Patrimônio do Nepal por sua atuação na repatriação, chamando a atenção para a história das peças. Em setembro, uma conta no Twitter afiliada à campanha postou preocupações de que as relíquias de madeira pudessem ser roubadas.

Peça em madeira talhada mostra uma figura feminina disposta num semicírculo, com a parte curva para baixo
Uma das relíquias a serem devolvidas é um entalhe do século 14 de uma apsara (espírito) com guirlanda que fazia parte originalmente de uma janela ornamental em um mosteiro no Katmandu - Museu de Arte Rubin/Divulgação/The New York Times

A campanha participou da devolução de ao menos sete relíquias no ano passado, retornadas por instituições culturais como o Metropolitan Museum of Art e o Museu de Arte de Dallas.

O Museu Rubin disse em sua declaração que essas duas relíquias foram as primeiras peças de origem considerada ilegal em sua coleção. Há cinco anos a instituição vem promovendo uma revisão completa dos seus artefatos, a qual inclui preencher lacunas dos registros de proveniência das peças.

"Temos o dever permanente de pesquisar com cuidado a arte e os objetos que colecionamos e expomos. O furto de objetos arqueológicos continua sendo uma grande preocupação no mundo da arte", disse num comunicado Jorrit Britschgi, diretor-executivo do museu. "Acreditamos ser nossa responsabilidade abordar e resolver questões de propriedade cultural, inclusive ajudando a facilitar a devolução dos dois objetos em questão."

Uma das relíquias é a parte superior de uma torana —portal ornamental na arquitetura budista e hindu—feita de madeira e datada do século 17, vinda de Yampi Mahavihara, complexo de templos em Patan.

Outra é um entalhe de uma apsara —espírito feminino das nuvens e ondas—, em forma de guirlanda, do século 14, que fazia parte originalmente de uma janela ornamental do mosteiro de Itum Bahal, em Katmandu.

Estudiosos que trabalham para o museu concluíram que a guirlanda desapareceu do mosteiro em 1999, quatro anos antes de ser comprada pela Fundação Cultural Shelley e Donald Rubin, que representa os fundadores do Museu Rubin.

Sandrine Milet, porta-voz do museu, disse que os dois artefatos foram adquiridos em negociações privadas, mas não quis citar os nomes dos vendedores, dizendo que eles desejam permanecer anônimos.

O Departamento de Arqueologia do Nepal vai determinar se os objetos voltarão a seus locais de origem ou se irão para um museu nacional. Em dezembro, autoridades do governo devolveram uma escultura representando a deusa hindu Lakshmi-Narayan a seu templo em Patan, depois que o Museu de Arte de Dallas também o devolveu. Em uma procissão comemorativa, os participantes se estendiam para tocar a estátua, que é considerada uma deusa viva, e levavam os dedos à testa para receber a bênção.

Roshan Mishra, diretor do Museu Taragaon em Katmandu, espera que uma cerimônia semelhante receba os objetos que voltarão do Museu Rubin. Ele ajudou a Campanha de Recuperação do Patrimônio do Nepal a divulgar os esforços para garantir o retorno das relíquias de madeira.

"Estou muito feliz", disse Mishra em entrevista. "Se museus como o Rubin estiverem ativamente repatriando seus artefatos, acho que será mais fácil outros seguirem sua iniciativa."

Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves

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