A Grécia Antiga comparece na Coleção Folha Os Pensadores com um de seus filósofos mais fundamentais. Se Platão, com "A República", inaugurou a coleção com seu primeiro volume, agora é a vez de Aristóteles, com "Sobre a Alma".
Verter um pensador dessa magnitude é uma tarefa complexa. A tradução é assinada por Ana Maria Lóio, da Universidade de Lisboa, com revisão técnica de Tomás Calvo Martinez, da Universidade Complutense de Madri. Houve ainda uma adaptação do texto para o português do Brasil, por Luzia Aparecida dos Santos. Para guiar o leitor pelos meandros do pensamento aristotélico, a edição traz ainda um quadro-síntese da obra, esmiuçando cada uma de suas partes.
Na nota introdutória, Lóio afirma que ler Aristóteles hoje ainda é um desafio. "Séculos de leitores e exegetas reconhecem a complexidade do seu pensamento, a sua dificuldade, o caráter obscuro de muitas passagens, o nível de corrupção do texto tornaram-se desabafos ‘tópicos’ de quem exaspera na luta constante pela aproximação ao grego, necessariamente imerso em problemas e perplexidades."
Uma das dificuldades é que os tratados de Aristóteles "resultam, na hipótese mais plausível, de lições passadas a escrito". A questão é que não foi o pensador grego "quem agrupou em tratados os diversos livros, na ordem que hoje apresentam; o ‘corpus’ seria composto, com efeito, de unidades menores do que os tratados que nos chegaram". "Quer isso dizer que a escolha dos conteúdos e a estrutura do tratado ‘Sobre a Alma’ não se devem a Aristóteles."
A trajetória da obra é tortuosa. O pensador morreu em 322 a.C, e "o espólio de Aristóteles foi herdado por Teofrasto; não é certo o rumo que seguiu até Sula o trazer para Roma, por ocasião da tomada de Atenas, em 86 a.C.". Assim, "Sobre a Alma", no formato que chegou até nós, "terá ganhado forma às mãos de Andrônico de Rodes, ativo entre 70 a.C. e 20 a.C., talvez o chefe de uma escola peripatética em Atenas". E é esse, "em última análise, o tratado sobre a alma que lemos –mais exatamente, a ‘versão’ que dele chegou ao século 9º, pois não possuímos manuscritos anteriores".
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