Morre Monica Vitti, atriz-fetiche de Michelangelo Antonioni, aos 90 anos

Também diretora e roteirista, italiana trabalhou com alguns dos principais cineastas de seu país

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São Paulo | AFP

A atriz italiana Monica Vitti, musa do cineasta Michelangelo Antonioni, morreu aos 90 anos, informou nesta quarta-feira (2) o ministro da Cultura, Dario Franceschini.

"Adeus Monica Vitti, adeus à rainha do cinema italiano. Hoje é um dia verdadeiramente triste, morre uma grande artista e uma grande italiana", escreveu o ministro em um comunicado depois de recordar a longa carreira da atriz, tanto em comédias quanto em dramas.

Vitti trabalhou com alguns dos principais cineastas de seu país, como Mario Monicelli, que desvelou seu potencial cômico em "A Garota com a Pistola", de 1968, e Ettore Scola, Alberto Sordi e Eduardo de Filippo.

Foi a parceria com Antonioni —de quem foi também amante por mais de uma década, entre 1957 a 1967—, no entanto, que lhe trouxe a fama.

Ela encarnou com perfeição as personagens atormentadas da trilogia de filmes sobre a incomunicabilidade da era moderna que, formada por "A Aventura", "O Eclipse" e "A Noite", pôs Antonioni entre os mestres do cinema mundial.

Vitti ainda colaborou com o cineasta em "Deserto Vermelho", de 1964, e "O Mistério de Oberwald", de 1980. "Tive a oportunidade de começar minha carreira com um homem de grande talento, mas também com força espiritual, cheio de vida e entusiasmo", afirmou a atriz sobre Antonioni em uma entrevista em 1982.

Além de ter trabalhado com outros de seus compatriotas, Vitti ainda colaborou com o diretor espanhol Luis Buñuel, no surrealista ''O Fantasma da Liberdade". E participou de dois filmes em inglês —"Modesty Blaise", uma trama de espionagem britânica dirigida por Joseph Losey de 1966, e "An Almost Perfect Affair", comédia romântica assinada por Michael Ritchie de 1979 que se passa no Festival de Cannes, na França.

Vitti despertou para a atuação na adolescência. Na volta da escola, sempre passava pelo casarão da Academia de Arte Dramática Nacional, onde via jovens gritando, sorrindo, chorando e se jogando no chão, segundo contou no documentário "As Mil e Uma Monicas", de 2006. "Parecia um hospício, mas com loucos felizes", afirmou então ela, que viria a se formar no instituto em 1953, aos 22 anos.

Cinco anos depois, ganhou seu primeiro papel de destaque no cinema, no filme "Le Dritte", de Mario Amendola.

Vitti era casada com o cineasta e diretor de fotografia Roberto Russo desde 2000. Em 2011, ele anunciou à imprensa que ela sofria de Alzheimer há mais de uma década. O último grande projeto da atriz foi "Secret Scandal", escândalo secreto, que ela mesma dirigiu e estrelou, exibido na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes em 1990.

Vitti recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, incluindo cinco David di Donatello, maior prêmio do cinema italiano, um Leão de Ouro por sua carreira no Festival de Veneza e um Urso de Prata no Festival de Berlim.

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