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'O Golpista do Tinder' assombra ao detalhar esquema do canalha

Três vítimas contam com minúcias como caíram no papo de estelionatário israelense

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O GOLPISTA DO TINDER

"Como algumas pessoas podem ser tão más?", pergunta a norueguesa Cecilie Fjellhøy a certa altura do assombroso documentário "O Golpista do Tinder". Fjellhøy se apaixonou por um rapaz rico no aplicativo de namoro e, por alguns meses, viveu uma vida de sonhos.

A traição do israelense Simon Leviev —um dos vários nomes usados pelo criminoso— não foi apenas amorosa. Mais tarde, Fjellhøy descobriria que o dinheiro que pegou emprestado em nove bancos —mais de R$ 1 milhão—, servia para que o rapaz oferecesse os mesmos hotéis de luxo, jantares e jatinhos para suas novas conquistas.

Foi preciso muita coragem para que ela e duas outras vítimas do golpista topassem aparecer no documentário e detalhassem como foram enganadas. No caso da sueca Pernilla Sjoholm, não houve relação amorosa, ela conta.

Mas se tornou uma grande amiga, daquelas que recebem convites do tipo "Paris amanhã?" e, claro, aceitam com satisfação. Meses depois, a rede de Leviev se fecha em torno dela, assim como tinha sido com Fjellhøy.

Acreditando que o rapaz fosse filho de um bilionário rei dos diamantes, elas recebem fotos de Leviev e de seu segurança banhados em sangue, com a história de que adversários do ramo das pedras preciosas tinham tentado matar os dois.

A partir daí, o golpista passa a pedir dinheiro das moças para fugir. Diz que seus cartões não podem mais ser usados porque perseguidores poderiam rastrear seus passos.

Fotografia de uma mulher loira tomando café num terraço
Pernilla Sjoholm, que foi enganada por israelense no Tinder - Reprodução/Instagram

Ao contrário do que escreve Clara Balbi em sua crítica a "O Golpista do Tinder", as vítimas explicam claramente como e por que não desconfiaram que havia algo errado nos pedidos de dinheiro de Leviev. Elas esclarecem em detalhes, muitos deles humilhantes para elas mesmas, como a rede de Leviev funcionava.

Na segunda parte do filme, entra em cena o jornal norueguês VG, que, após ser procurado pelas vítimas, conseguiu desmascarar o sujeito em uma reportagem de fevereiro de 2019. Uma equipe viaja até Israel, onde encontra a casa da família de Leviev, um pequeno prédio de apartamentos nos subúrbios pobres de Tel Aviv.

A cena em que os jornalistas confrontam a mãe do golpista, uma típica dona de casa de meia-idade, é uma das mais tristes do documentário.

Uma mulher concede uma entrevista sentada numa mesa de restaurante
A vítima Ayleen Charlotte em cena de 'O Golpista do Tinder' - Divulgação/Netflix

Na segunda parte também aparece a holandesa Ayleen Charlotte, que conseguirá se vingar e recuperar um pouco do dinheiro que perdeu.

De alguma forma, as mulheres e o jornal conseguem descobrir onde Simon Leviev estará em dado momento e alertam as autoridades. Ele acaba preso por usar passaporte falso, mas é solto em apenas cinco meses.

É inacreditável que o Tinder tenha cancelado a conta do estelionatário apenas agora, após a estreia e repercussão desse documentário na Netflix. E que Leviev continue solto, vivendo uma boa vida às custas de traições e humilhando mulheres que, por um grande azar, deram like em seu perfil.

Em entrevista recente a um canal de televisão de Israel, onde vive hoje, Leviev afirmou que pretende contar sua versão da história em breve.

Foto de um homem de camisa sentado diante de uma grande janela de vidro
O golpista israelense Simon Leviev em foto publicada em seu Instagram - Reprodução/Instagram

"Talvez elas não gostassem de estar em um relacionamento comigo, ou elas não gostam da maneira como eu ajo. Talvez eu tenha partido seus corações durante o processo. Nunca tirei um dólar delas, essas mulheres se divertiam na minha empresa, viajavam e viam o mundo com meu dinheiro", afirmou o canalha.

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