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Naiara Azevedo foge do machismo em '50%', com Marília Mendonça

Lançada após briga com a família de Mendonça, música fala de traição sem chamar ninguém de prostituta como em '50 Reais'

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Naiara Azevedo construiu uma carreira calcada em polêmicas. Muito antes de ter entrado no Big Brother Brasil e virar pauta diária dos sites e perfis de fofoca nas redes sociais, a cantora acumulava acusações de machismo.

Marília Mendonça e Naiara Azevedo na gravação de '50%', single em que Azevedo tenta se redimir do machismo de seus outros hits
Marília Mendonça e Naiara Azevedo na gravação de '50%', single em que Azevedo tenta se redimir do machismo de seus outros hits - Divulgação

Não que Naiara criasse polêmicas só para chamar a atenção. Ela não precisava disso. O clipe de "50 Reais", seu primeiro sucesso, foi um dos cem vídeos mais vistos do mundo no YouTube em 2016, mesmo ano em que a canção figurou entre as dez mais tocadas das rádios brasileiras.

O sucesso, no entanto, não a blindou de ter seu trabalho escrutinado. Enquanto muitos cantavam "50 Reais" a plenos pulmões, houve quem visse machismo na letra, que Naiara diz ter escrito após ter sido traída por um namorado.

Ao cantar que não sabia se dava na cara de um ou de outro, Naiara chamava de prostituta a "dama" que satisfazia o ex e ainda dava a ele o tal dos R$ 50 para que a pagasse pelo sexo. Não eram, convenhamos, versos com muita sororidade.

Três anos depois, ao lançar "Boqueira", Naiara foi acusada de machismo outra vez ao cantar que seu desejo era que o ex "pegue uma boqueira e que a rapariga não seja enfermeira". A composição irritou até o Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba, o Coren.

"Não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, ofendam uma coletividade de mulheres enfermeiras, reforçando uma cultura machista e misógina perpetrada no Brasil por muitos anos", dizia o Coren numa nota de repúdio.

Naiara respondeu que este não era seu objetivo, mas mesmo assim decidiu mudar a letra. Foi quando, mantendo as rimas, a rapariga deixou de ser "enfermeira" para virar "barraqueira" na versão oficial da música que é encontrada hoje nas plataformas de streaming.

Rapariga, aliás, é termo recorrente para Naiara. A palavra que, no português de Portugal, diz respeito a uma jovem qualquer, mas no Brasil é um sinônimo pejorativo de prostituta, dava título a outro de seus sucessos lançado na mesma época, "Rapariga Digital".

"Essas periguetes de internet/ rapariga digital/ nunca vão superar uma mulher real", Naiara cantava, acrescentando que, se o namorado a quisesse trair, que traísse com "uma mais bonita do que eu", e não com uma dessas "que todo mundo mordeu".

São músicas que vinham acompanhadas de entrevistas em que Naiara recusava o rótulo de feminista. Ao jornal carioca Extra, por exemplo, ela disse que "o homem é a cabeça", que seu marido era "o chefe da casa" e, portanto, ela tinha de respeitar. Disse ainda ela que nunca decidia aonde o casal ia, que "ele é quem resolve tudo" e que tudo isso "era bíblico".

Entre quem não percebia o machismo que atravessava suas letras e quem percebia mas não se importava, houve, como se diz na internet, muita "passação de pano". No ano passado, no entanto, quando Naiara se encontrou com Jair Bolsonaro, as críticas foram mais fortes.

Naiara Azevedo com o secretário de Cultura do governo federal, Mario Frias, durante almoço que teve com o presidente Jair Bolsonaro
Naiara Azevedo com o secretário de Cultura do governo federal, Mario Frias, durante almoço que teve com o presidente Jair Bolsonaro - @DanielCFreitas no Instagram/Reprodução

Sua foto com Mario Frias, secretário especial da Cultura do presidente, era compartilhada à exaustão nas redes sociais no início deste ano como um dos motivos para eliminar a cantora do BBB assim que possível. Apoiar Bolsonaro, afinal, o público do reality show normalmente não perdoa. Foi o que, na edição passada, levou à eliminação de Sarah Andrade, que antes de falar que "gostava do nosso presidente" era tida como uma das favoritas ao prêmio.

Mas isso tudo Naiara parece querer manter no passado. Depois de ser cancelada no BBB por, entre outras atitudes, dizer que Linn da Quebrada não tinha entrado na casa "como mulher ou como trans, mas como gente", Naiara parece querer se redimir do passado machista.

Prova disso é o dueto que ela acaba de lançar com Marília Mendonça, gravado antes do acidente aéreo que matou a cantora no passado e que chegou às plataformas de streaming após sua equipe ter resolvido uma briga com a família de Marília.

Em "50%", mais uma canção sobre o término de um relacionamento, Naiara canta que "um mal amado quando vê uma cerca pula", mas não faz nenhuma crítica nem chama de rapariga a "dama" que satisfaz seu ex. Agora, ela canta que se olhou para alguém na rua, se outra mão a deixou toda nua, "50% a culpa é minha/ 50% a culpa é sua".

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