Emicida xinga Bolsonaro e pede barulho para Anitta no horário nobre do Lolla

Rapper preferiu reforçar tom político, resgatando canções mais ácidas, ao tom reflexivo dos shows baseados em 'AmarElo'

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São Paulo

Emicida, o brasileiro mais bem escalado deste Lollapalooza, subiu ao palco principal por volta das 19h neste sábado (26), segurando uma guitarra. Ele pediu ao público para levantar as mãos e puxou "Boa Esperança", música de 2015, para a multidão que se abarrotava diante dele.

O rapper Emicida se apresenta no palco Budweiser no segundo dia do festival Lollapalooza, no autódromo de Interlagos, em São Paulo - Adriano Vizoni/Folhapress

Mais do que a guitarra na mão do rapper, algo incomum em seus shows, o que ele trouxe de novidade em relação às apresentações que vinha fazendo foi o forte tom político e social do repertório. Se "AmarElo", disco de 2019 e base suas apresentações mais recentes, é seu trabalho mais reflexivo, no horário nobre no Lolla ele optou por resgatar seus raps mais ácidos e diretos.

A escolha se refletiu na postura. Logo depois da primeira performance, disse que estava com saudades dos palcos, xingou o presidente Jair Bolsonaro e lembrou o público de tirar o título de eleitor para votar nas próximas eleições. Depois, cantou "Bang!", música de 2013, do disco "O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui", que o lançou ao mainstream.

Em "Gueto!", faixa do mesmo álbum que é um comentário sobre a ostentação, fez uma citação a "Eu Só Quero É Ser Feliz", clássico do funk carioca dos anos 1990, de Cidinho e Doca. O show continuou a todo vapor, com "A Chapa é Quente", com a ajuda do parceiro Rael, que o acompanhou no show inteiro.

Lembrando o MC de rimas afiadas do começo da carreira, ele alternou singles recentes, como "Pantera Negra", "Eminência Parda" e "Todos os Olhos em Noiz" com hits seus do início da década passada, como "Hoje Cedo" e "Levanta e Anda".

Depois de chamar a parceira de longa data Drik Barbosa para cantar "Luz", ele pediu "barulho para Anitta" –a brasileira chegou ao topo do chart global do Spotify com o single "Envolver".

Em determinada altura, o rapper de São Paulo disse que "temos atravessado tempos difíceis", e citou Nelson Cavaquinho, "crentes de que o sol vai brilhar mais uma vez". "Espero que a nossa singela participação tenha força para botar energia no coração de cada um de vocês", disse.

O momento mais apoteótico do show foi em "AmarElo", quando ele desceu do palco para cantar no meio do público o refrão sampleado de "Sujeito de Sorte", de Belchior. Foi possivelmente um dos maiores coros de todo o festival.

Antes de encerrar, pouco depois das 20h, ele ainda brincou sobre o show da rapper Doja Cat —que ele disse que não conhecia antes— no dia anterior do festival, ao qual ele assistiu de casa. "Se ela tivesse nascido no Brasil certamente ia estar na batalha do Santa Cruz com a gente", disse.

Também comentou sobre a morte de Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters, que tocaria no domingo (27) no Lolla.

"Nossos corações ficam partidos porque acredito que todos admiramos o Foo Fighters —pela música, energia, história". Desejou "as melhores energias para a família do nosso irmão que acabou nos deixando", e pôs uma foto do músico americano no palco.

Emicida fez um show urgente, sem espaço para baladas ou músicas mais tranquilas. Encerrou com "Principia", pedindo que o público se abraçasse e propondo a comunhão entre os presentes, mas antes de ir embora deu um aviso. O show que vai substituir o do Foo Fighters no palco principal no domingo (27) será uma celebração do rap nacional, com vários participantes, Emicida incluso.

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