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Língua neutra é 'invenção burra' que não deve ser ensinada, diz Pedro Bandeira

Escritor, um dos mais lidos do país, diz que 'escola tem que ensinar a língua que está no dicionário e na gramática'

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Ribeirão Preto

Um dos escritores mais lidos do Brasil por crianças e adolescentes, Pedro Bandeira, que chega aos 80 anos nesta quarta-feira com 130 livros publicados, diz que não pretende adotar em seus romances o gênero neutro, que ele considera uma "invenção burra".

Retrato do escritor Pedro Bandeira em seu flat, em São Paulo, em 2019
Retrato do escritor Pedro Bandeira em seu flat, em São Paulo, em 2019 - Karime Xavier/Folhapress

A linguagem neutra, como é conhecida, é usada por quem não se identifica integralmente nem com o gênero masculino nem com o feminino.

Em idiomas sem variação de gênero para substantivos e adjetivos como o inglês, a neutralidade é alcançada a partir da substituição dos pronomes "he" e "she" por "they", o "eles" do inglês, que não tem gênero definido como no português.

Já nas línguas latinas, caso do português, a neutralidade só é alcançada a partir da criação de novos pronomes —"elu" e "delu", "ile" e "dile"— e da substituição do "a" e do "o" por "e", como em "professore", ao invés de "professora" ou "professor".

São mudanças que desagradam a Bandeira. "O mais chato do politicamente correto é quando tentam mexer na linguagem. A escola tem que ensinar a língua que está no dicionário e na gramática. Um personagem caipira pode falar errado, mas o narrador tem que usar a gramática tal como ela é. Agora querem criar um gênero que não existe", diz o escritor, em entrevista a este jornal.

Embora torne difícil a formação de frases e parágrafos inteiros, a língua não binária tem extrapolado o campo do ativismo para ser incorporada pelos pilares da cultura pop. Hoje, já é vista em livros, filmes, seriados e até em novelas da Globo. Bandeira, no entanto, acredita que o movimento é passageiro.

"Você acha que vai pegar? É impossível. É uma invenção burra. Tem muita palavra terminada em 'e' que não tem nada a ver com neutralidade de gênero. É uma besteira. Se se ofenderem, peço desculpas. Eu não quis ofender, mas não vou usar o gênero neutro e a academia não vai instituir."

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