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Morre o ator William Hurt, que ganhou Oscar por 'O Beijo da Mulher-Aranha'

Ator, que tinha 71 anos, marcou o cinema dos anos 1980 com filmes como 'Corpos Ardentes' e 'Nos Bastidores da Notícia'

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São Paulo

William Hurt, ator americano que ganhou o Oscar pelo filme "O Beijo da Mulher-Aranha", de 1985, morreu neste sábado, aos 71 anos, de complicações de um câncer. O anúncio foi feito pelo filho do ator, Will, em um comunicado divulgado à imprensa americana.

"É com muita tristeza que a família Hurt lamenta a morte de William Hurt, amado pai e ator vencedor Oscar. Ele morreu pacificamente, entre a família", afirma o texto.

Raul Julia e William Hurt em cena do filme 'O Beijo da Mulher-Aranha', de 1984, dirigido por Hector Babenco - Photo12 via AFP

Dirigido pelo cineasta argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco, "O Beijo da Mulher-Aranha" foi uma coprodução entre Brasil e Estados Unidos. Na trama, Hurt dá vida a Luís Molina, um homossexual que, condenado por pedofilia durante a ditadura militar brasileira, se aproxima de seu companheiro de cela, um ativista político pragmático interpretado por Raul Julia.

O filme estreou no Festival de Cannes em 1985 e concorreu a quatro categorias do Oscar no ano seguinte, incluindo a de melhor filme. Venceu a de melhor ator, para Hurt.

Sônia Braga, também no elenco do longa, homenageou Hurt no seu Instagram. "É com choque e grande tristeza que fico sabendo que o lindo Molina de ‘O Beijo da Mulher-Aranha’ nos deixou hoje", escreveu. "Descanse em paz."

Hurt ainda concorreria à mesma estatueta nos dois anos seguintes, por "Filhos do Silêncio" e "Nos Bastidores da Notícia". Voltaria a ser indicado, desta vez como coadjuvante, por sua atuação em "Marcas da Violência", de 2005 —mesmo tendo menos de dez minutos em cena no longa de David Cronenberg.

O ator, que faria aniversário no próximo dia 20, nasceu em Washington, capital dos Estados Unidos, mas passou a infância em países como Paquistão, Somália e Sudão. Isso porque seu pai trabalhava na Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional —Usaid, em inglês—, uma organização de ajuda humanitária.

Antes de cursar artes cênicas na Juilliard, tradicional instituto de Nova York, Hurt chegou a estudar teologia. Sua carreira no teatro teve início no fim dos anos 1970. De 1977 a 1989, ele se apresentou na Circle Repertory Company e chegou a receber um prêmio Obie por sua atuação na peça "My Life", de Corinne Jacker. Também foi indicado a um prêmio Tony em 1985, por seu papel em "Hurlyburly", de David Rabe, na Broadway.

Sua estreia no audiovisual aconteceu em um episódio da série "’Kojak", da emissora CBS, em 1977. Foi no cinema, no entanto, que ficou conhecido, chamando a atenção já em seu primeiro filme, "Viagens Alucinantes", de 1980. O thriller de ficção científica dirigido por Ken Russell rendeu a ele uma indicação ao Globo de Ouro de ator revelação daquele ano.

Mas a fama, que atravessaria toda aquela década, só veio de fato no ano seguinte, com o neonoir "Corpos Ardentes", de 1981. No filme de Lawrence Kasdan, seu personagem é convencido pela amante, vivida por Kathleen Turner, a assassinar o marido rico dela.

O currículo de Hurt incluiria ainda sucessos como "O Reencontro", "Cidade das Sombras" e "O Turista Acidental".

Marlee Matlin, que contracenou com ele em "Filhos do Silêncio" e depois se tornou sua namorada, escreveu em sua autobiografia que Hurt abusou física e psicologicamente dela.

Na época, o fim dos anos 1980, o ator chegou a ir à reabilitação por problemas com álcool e outras drogas. Em um comunicado, ele se defendeu dizendo que se desculpava "por qualquer dor que tenha causado", mas que lembrava "que ambos nos desculpamos e fizemos um bom trabalho para curar nossas vidas".

Ele viveu um período de menos sucesso até a participação em "Perdidos no Espaço: O Filme", de 1998. Depois de voltar a ser indicado ao Oscar por "Marcas da Violência", atuou em "O Bom Pastor", de 2006, e "Na Natureza Selvagem", de 2007, entre outras produções, até seu último filme, "A Filha do Rei", deste ano.

Mais recentemente, ele participou de uma série de blockbusters, dando vida ao general Thaddeus Ross em "O Incrível Hulk", de 2008, e voltando ao papel em diversos filmes do chamado Universo Cinematográfico da Marvel, incluindo "Vingadores: Ultimato", "Vingadores: Guerra Infinita" e "Capitão América: Guerra Civil", e "Viúva Negra".

Hurt deixa quatro filhos.

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