Descrição de chapéu Rússia

Oscar evita falar de Ucrânia, mas Hollywood reage, de Mila Kunis a Schwarzenegger

Com projetos humanitários e mensagens a Putin, celebridades respondem ao conflito enquanto cerimônia tenta se isentar

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Andrew Marszal
Los Angeles (EUA) | AFP

A poucos dias da cerimônia do Oscar, Hollywood analisa se deve abordar, e como, a invasão russa da Ucrânia, se inicia campanhas de arrecadação de fundos ou convida o presidente Volodimir Zelenski a falar na cerimônia via chamada de vídeo.

Como mostraram as advertências de Leonardo DiCaprio sobre a crise climática ou a indignação de Joaquin Phoenix pela inseminação artificial de vacas, os famosos raramente são tímidos na hora de fazer declarações políticas no prêmio da Academia, apesar das acusações de hipocrisia.

Estatuetas do Oscar - Emmanuel Dunand/AFP

"Tudo depende da forma que abordarão o assunto", disse Scott Feinberg, colunista do The Hollywood Reporter, em uma entrevista à AFP.

"Se parece que é apenas bajulação ou sermão, isso não vai acabar bem. Mas se for algo sincero e significativo, acho que terá um resultado diferente", acrescentou.

Um exemplo de como as estrelas de Hollywood utilizam sua plataforma para alcançar objetivos reais é a campanha de arrecadação de fundos criada pela atriz Mila Kunis, nascida na Ucrânia, e seu marido Ashton Kutcher. O casal arrecadou US$ 35 milhões para oferecer apoio a refugiados ucranianos em países vizinhos e ambos elogiam a atuação de ​Zelenski.

Kutcher e "Mila Kunis foram os primeiros a responder à nossa dor", escreveu o presidente ucraniano, que foi ator antes de entrar na política.

"Agradecido pelo seu apoio. Impressionado por sua determinação. Eles inspiram o mundo", acrescentou.

Sean Penn, que estava em Kiev para filmar um documentário quando a invasão começou em 24 de fevereiro, assinou um acordo para que sua fundação ofereça ensino e abrigo aos refugiados na Polônia.

"Ucrânia é a ponta de lança para abraçar o sonho democrático. Se permitirmos que lute sozinha, nossa alma como Estados Unidos se perde", afirmou em um comunicado.

Em um vídeo que viralizou, o astro Arnold Schwarzenegger apelou para que o presidente russo, Vladimir Putin, pare com a guerra "sem sentido' na Ucrânia.

Muitos cineastas menos conhecidos abordaram o conflito na Ucrânia desde 2014, quando Putin anexou a Crimeia e respaldou os separatistas da região de Donbass.

O documentário "A House Made of Splinters" —ou uma casa feita de estilhaços— e o drama "Klondike", que estrearam em janeiro no Festival de Sundance, examinam o impacto que o longo conflito no leste da Ucrânia causou em famílias e crianças.

Na temporada de premiações em Hollywood, as referências à situação na Ucrânia foram constantes, de manifestações de solidariedade até críticas a Vladimir Putin.

"Estamos com as centenas de milhares de refugiados que fogem da guerra, tanto ucranianos como de outras nacionalidades, aos quais negam um porto seguro", disse a atriz Kristen Stewart na premiação Independent Spirit.

A apresentadora do Independent Spirit, Megan Mullally, usou linguagem mais forte.

"Acredito que falo por todos aqui quando digo que esperamos por uma solução rápida e pacífica, especialmente vá se foder e volte para casa, Putin", disse.

Amy Schumer, uma das apresentadoras do Oscar, provavelmente não usará o mesmo tom. Ela declarou recentemente que sugeriu convidar Zelenski a "participar via satélite ou a gravar uma mensagem, porque muitas pessoas assistem o Oscar".

Embora a Academia não tenha comentado, a ideia parece ter sido rejeitada, e Schumer admitiu que "definitivamente há pressão no sentido de dizer: 'Isto é para relaxar, deixe as pessoas esquecerem —nós só queremos ter esta noite'".

Para Feinberg, "parece que eles perceberam que seria fora de tom".

Zelenski "está lidando com assuntos de vida e morte. E sim, ele era um ator, mas parece que isso poderia ter sido um tiro pela culatra", comentou.

Erramos: o texto foi alterado

A versão anterior desta reportagem ilustrava de maneira incorreta a estatueta do Oscar. A imagem foi corrigida.

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